ENSINANDO O
TRIVIUM - ESTILO CLASSICO DE MINISTRAR A
EDUCAÇÃO CRISTÃ EM CASA.
CAPITULO 11
– O nível de conhecimento precoce – O que ensinar antes dos 10 anos?
Harvey e
Laurie Bluedorn
“Cada criança é um individuo especial, crescendo em uma família única, onde Deus as colocou.”
Quando paro para pensar na maternidade e a grande
dádiva que é ser mãe é impossível não pensar também na grande responsabilidade
que esta missão incute. Receber para zelar e amar uma alma imortal e única
criada à imagem e semelhança de Deus e ter o dever de guia-la à eternidade,
parece ser algo muito além das minhas capacidades. No entanto, saber que o
mesmo Deus que me confiou tal missão esta sempre disponível a vir em meu
socorro traz uma grande paz e também o desejo de ser agraciada com mais
missões.
Hoje sabendo o que é a educação domiciliar e o bem que
ela traz aos nossos filhos me parece absurdo não optar por este caminho e expor
a inocência delas aos tantos malefícios que a sociedade moderna proporciona.
Porém, minha insegurança ainda é o ‘como fazer’. Inicialmente ao pensar na
educação domiciliar achei que a forma como faria era algo quase óbvio:
selecionar materiais, apostilas, livros, criar um cronograma e aplicá-lo.
Simples assim! Mal sabia eu que a minha mente era total, mas não irrevogavelmente
(graças a Deus!), escolarizada. Ao dar os primeiros passos e leituras já de
imediato percebi meu engano, minha cegueira. Eu não queria apenas não levar
meus filhos à escola, eu queria educá-los. Encucar em seus corações valores que
estão muitíssimo além de cronogramas, livros e tarefas pedagógicas. E então me
vi no mais completo e absoluto escuro, consciente da minha total ignorância do
que seria educar um filho. Desde então foram muitas as leituras, pesquisas,
cursos, troca de experiências, conversas com outras mães e claro, orações. E
por fim vejo que começo a ver não o completo breu, mas já uma névoa.
Este capítulo, assim como todos os demais lidos até o
momento, se mostrou uma feliz surpresa. Ou melhor, mais que isso, se mostrou como
um farol que clareou e indicou a direção a ser seguida. Fez-me ajustar as velas
e corrigir muitas coisas na prática da educação domiciliar em minha casa e
também das minhas preocupações. Num mundo onde tudo nos pede para sermos
melhores, não que nós mesmos, mas melhores que os outros, acabei não
conseguindo definir as prioridades segundo o que realmente importa, levando em
consideração primeiramente as afinidades de meu filho e sim o que pedem currículos,
psicólogos, pedagogos e tantos outros mais. Talvez seja o medo de que ele tenha
que ser avaliado pedagogicamente por tais profissionais, tendo em vista as
incertezas jurídicas que ainda vivemos no Brasil quanto a educação domiciliar,
ou apenas neuroses modernas de pais que desejam super filhos. Não sei ao certo,
mas o mais importante é que este capítulo veio trazer luz e me fez reajustar os
caminhos.
São tantas as preciosidades contidas nesse capítulo
que seria quase impossível destacá-las aqui nessas linhas sem, no entanto,
reproduzi-lo, então partilharei apenas o que mais me auxiliou. Os autores afirmam
que uma criança numa fase de conhecimento precoce, ou seja, até os 10 anos de
idade, depende principalmente de experiências concretas e sensoriais para se
desenvolver e estar preparada para o ensino acadêmico mais elaborado dos 11
anos em diante. É através do real e palpável que a criança compreenderá o mundo
a seu redor, o funcionamento das coisas e até a si mesma e por isso recomendam
a distancia dos dispositivos eletrônicos, que acabam por causar lacunas, talvez
irremediáveis, no desenvolvimento cerebral de uma criança. Por mais educativo
que seja são muitas as coisas que a criança deixará de aprender ao utilizar o
mundo virtual ao invés de coisas reais e concretas.
Nos primeiros anos de vida de uma criança é preciso
focar em coisas como:
- Honrar a Deus e aos pais – Exatamente nesta ordem. A
criança precisa compreender a importância e o devido lugar de Deus em suas
vidas e em suas famílias e por consequência honrar e respeitar os pais,
vendo-os como autoridade em suas vidas, autoridade esta outorgada por Deus e
que honrando aos pais, honrarão também a Deus. Para tal os pais precisam ser exemplo
de servos de Deus para seus filhos e valorizar os momentos de oração da família
(devocional), em fidelidade e conteúdo.
- Desenvolver habilidades linguísticas: Trabalhar
leitura e escrita (cópias de textos estruturados e de boa qualidade),
capacidade de narração, conhecimento de outras línguas (fala e escuta);
- Desenvolver o gosto pela aprendizagem: Incentivar a
busca por respostas a seus questionamentos, gosto pela pesquisa.
- Enriquecer a memória: Treinar a memorização e
recitação de textos, poemas, versículos, entre outros, incentivando a criança a
desenvolver a capacidade de memorização nesta fase que é tão propícia. Ler em
voz alta para a criança, não se atendo a textos infantilizados e sim dando
prioridade a histórias bem construídas.
- Estimular a criatividade: Expor a criança a Arte de
qualidade (música, pintura, escultura, etc) realizando passeios e visitas a
museus, exposições de artes, livrarias, bibliotecas e incentivá-la a criar arte
deixando a seu alcance materiais para tal.
- Gosto pelo Serviço e pelo trabalho: Possibilitar à
criança ocasiões onde ela pode servir ao próximo seja em asilos, creches,
igrejas. Não realizar em casa os serviços que ela já consegue realizar,
incentivando-o sempre a realizar as tarefas com dedicação.
“Não faça sozinho o que seu filho pode fazer por você.”
- Disciplina: Ensinar os filhos a obedecer à primeira
ordem, sem ficar a repetir várias vezes ou ainda recorrer a elevação no tom de
voz. As crianças só aprenderão a autodisciplina quando aprenderem a obedecer
seus pais.
- Brincar e explorar: E por fim, não poderia ficar de
fora o ‘ser criança’, deixa-las brincar, descobrir o mundo a seu redor através
de explorações livres, deixar que soltem sua imaginação e perceberem que o
mundo é um lugar maravilhoso, incrível e assim entenderão um pouco do Amor que
Deus tem por elas, pois criou tudo isso, especialmente para elas e pensando
nelas.
Posso dizer que este não foi o capítulo que mais me
ensinou sobre o Trivium neste livro, mas com toda a certeza foi o que mais me
ajudou nesta fase de definições na educação em minha casa.
Abraço fraterno,
Maya
