Catecismo da Educação – Abade René Bethléem
– 1917 - Parte 12
Livro IV – A educação Moral
– Alguns hábitos a fazer contrair
O bom caráter
O bom caráter é uma disposição natural e
adquirida que impõe a lei de nunca ofender pessoa alguma voluntariamente e que após
haver enfraquecido as tendência más da
natureza, dá a preponderância às inclinações nobres.
“Aquele que possui um bom caráter
são e fazem outras pessoas felizes.”
Para se formar um bom caráter é preciso
suprimir: a alimentação excitante, as palavras maldosas e os exemplos de
descontentamento, de aspereza, de rancor, de vingança ou de cólera.
Nunca se deve atender as lágrimas sem
motivos ou permitir que se torne uma criança amuada, pois este, se não
combatido, desenvolve sentimentos como o orgulho. Por outro lado é preciso proporcionar
à criança um ambiente cuja atmosfera seja afetuosa, com pais alegres, que dão o
exemplo do bom humor e de uma disposição de espírito sempre equilibrada.
“O rir vale muitas vezes mais
que os remédios.”
Os pais deverão tornar tão curtos quanto possível
os momentos de severidade e, uma vez feita a correção, devem esquecê-la por
completo, nunca mais falando dela.
A sinceridade
“A sinceridade embeleza a
criança, enobrece o jovem, glorifica o homem maduro.”
A sinceridade de um filho constitui a maior
honra e o maior prazer dos pais.
A sinceridade obriga a fazer boas
confissões, e assegura, por consequência, a salvação e a saúde da alma.
Há três meios principais de desenvolver a
sinceridade nas crianças: Dar o exemplo da sinceridade; Inspirar uma profunda
estima pela sinceridade; Animar todo o ato de sinceridade.
Para dar o exemplo, o educador, nunca deve
enganar a criança e nunca se deve mentir diante dela. É preciso evitar
sobremaneira prometer o que não se pretende cumprir ou falar irrefletidamente,
pois estes ensinam as crianças, mesmo as mais novas, que os atos deferem das palavras.
Sendo assim é preciso cautela quanto as
chamadas mentiras piedosas (coelho da pascoa, papai noel ou São Nicolau, etc),
pois a criança, piedosamente enganada, quando chegar o dia em que se conheça
enfim a verdade, poderá considerar como ilusória e enganosa os mistérios mais
graves da nossa fé.
Pode-se fortalecer a sinceridade das
crianças pela fé, pela discrição e pela atenuação do castigo ou pelo perdão.
Pela fé: Deus vê tudo; sabe sempre a
verdade, a mentira é um pecado; O demônio é o pai dos mentirosos, etc.
Pela discrição: Os pais serão discretos
e não submeterão nunca a sinceridade da criança a um a prova demasiado rude.
Pela atenuação do castigo: Quando a
falta é confessada a criança deve notar uma diferença na forma de tratar a
falta cometida, dando assim valor a sinceridade. Quanto ao perdão completo do
castigo deve-se observar as circunstâncias, não sendo oportuno ser indulgente
frequentemente.
Em caso de reincidências de mentiras será
preciso tratar com maior severidade e demonstrar claramente o descontentamento
e então fazer-lhes perceber quão feia é a mentira e como Deus a puniu.
Abraço fraterno,
Maya