sábado, 9 de março de 2019

Beleza – Roger Scruton - parte 2


Livro: Beleza – Roger Scruton

Semana 02 – Página 28 a 49 (Desejando o individual a Beleza e desejo)

“Desejar algo por sua beleza é desejar esse algo, e não querer fazer algo com ele.”

Pelo que pude compreender deste trecho a beleza em si não precisa ser necessariamente útil ou ter uma função ativa em nossos dias, basta que ela esteja lá, presente. Por exemplo, uma bela pintura que escolhemos para colocar em nossa sala. Ela não é algo útil, no sentido prático da palavra, porém a desejamos simplesmente por ser bela, por deixar o ambiente mais agradável. O que não quer dizer que a beleza e a utilidade não possam estar juntas. Porém, a beleza se sobrepõe à função/utilidade.

O autor cita o fato de um prédio belo ter suas funções modificadas e ainda assim continuar a existir. No documentário ele cita o exemplo de uma estação de trem que passou a ser um café e que este atrai muitas pessoas pela beleza do lugar, pelo sensação que este causa aos visitantes. Assim como demonstrou também vários prédio (horrendos por sinal) que foram abandonados, o que me recordou de vários prédios aqui em nossa cidade na mesma situação, feios e abandonados.

Através dos sentidos podemos perceber e usufruir da beleza, sermos alcançados por ela.  Segundo São Tomás de Aquino ‘o belo diz respeito à visão e à audição’, vias que nos permitem apreciar e usufruir da beleza. Esta leitura tem reforçado a importância que é treinarmos esses nossos sentidos para perceber e usufruir da beleza, quando o feio se destaca tanto. A cidade que resido, possui poucas construções antigas, pois em sua maioria foram demolidas para dar lugar a novas construções (quadradas, práticas e feias), e infelizmente não tive a mesma facilidade em percebê-los (construções antigas e belas) como o foi com os prédios abandonados. No entanto, me deleitei ao recordar de uma viagem a Ouro Preto/MG e da riqueza de detalhes nas construções existentes lá, creio que hoje, após a leitura deste livro, provavelmente teria aproveitado ainda mais os passeios.

“O prazer na beleza não é apenas intencional, é contemplativo.”


De fato, conforme o autor nos explica, os prazeres intencionais podem ser neutralizados, já o prazer na beleza se renova conforme a contemplamos, sendo este um prazer comparado a um dom (do latim ‘donu’, significa dádiva, presente). O que faz muito sentido quando ele fala que a ‘experiência da beleza é uma prerrogativa dos seres racionais’ – criaturas com linguagem, autoconsciência, razão prática e juízo moral.

No segundo capítulo, ao tratar da beleza humana, o autor expõe a abordagem filosófica do livro através do questionamento: ‘O estado de espírito causado pelo confronto com a beleza possui um fundamento racional?’.

Expõe como ela (a beleza) é levada em conta tanto por homens, como por mulheres (no sentido sexual) e como nos sentimos perturbados com a sua ausência (em todas as esferas da vida), julgando ser essencial à vida em sociedade, um certo grau estético, como que uma ‘beleza mínima’ estando o senso do belo ligado a uma necessidade coletiva de ‘tornar especial’ algo. Afirma que a beleza não estimula o desejo, mas sim é evocada por ele e que na esfera da arte a beleza é objeto de contemplação, não de desejo, de modo que diante da beleza a postura contemplativa deveria/seria a mais adequada.

A compreensão da leitura está difícil para mim, mas creio que ao finalizar o livro, tendo acesso a toda a explanação do autor, compreenderei melhor. Por enquanto contento-me em tentar enxergar e/ou aplicar no dia a dia, na minha realidade, os pontos que pude compreender.

De um modo bem simplório comparo a presente leitura como ondas a serem surfadas, no entanto, aqui ainda estou ‘tomando caldos’.

Abraço fraterno,

Maya


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Beleza - Roger Scruton - Parte 1


Beleza – Roger Scruton

Resumos e impressões

Semana 01 – Pág 7 a 28 – prefácio ao sub capítulo ‘meios, fins e contemplação’.

“A beleza pode nos influenciar de inúmeras formas. Ela jamais é vista com indiferença e exige nossa atenção. Se há alguém indiferente à beleza é por não ser capaz de percebê-la.”

Refletindo sobre a leitura e este tema da beleza, tentando perceber a beleza ao nosso redor, me perguntei se ainda tenho esta capacidade de perceber a beleza. Se consigo enxerga-la e inclui-la em nossos dias. Estamos tão cercados de feiura (prédios feios, ruas feias, roupas feias, música insalubres, e segue a lista...) que posso ter caído na infelicidade de achar normal esta ausência da beleza.

“Porque deveríamos lamentar o fato de a beleza estar desaparecendo de nosso mundo? De que modo podemos alegar que determinado tipo de música é superior ou inferior a outro?”

“O relativismo levou alguns a desprezarem os juízos de beleza por serem estes subjetivos.”

“A beleza é um valor real e universal ancorado em nossa natureza racional, assim como defendo que o senso do belo desempenha papel indispensável na formação do nosso mundo.”

Quando me preparando para a leitura e vendo o documentário do Sr. Roger Scruton no Youtube, parei e me indaguei qual a definição de beleza eu tinha, o que é o belo para mim? O que tinha em minha mente como o conceito de beleza? Existem diferentes belezas, graus de beleza? A beleza é exata, ou algo é belo ou não é belo? Enfim, me questionei sobre o assunto e sinceramente, não sei se tenho respostas.

Entretanto, iniciando a leitura, já nesta primeira semana de estudos, percebi de modo bem claro a necessidade de valorizar e (ainda mais) trazer a beleza para meu lar, sem exageros, respeitando o ordenamento, que é algo essencial para a tranquilidade por aqui, tanto para minha família, quanto por ser uma necessidade pessoal. A desordem me desestrutura. E é nesta necessidade de ordem/praticidade e numa formação tecnicista/utilitarista, que computo o fato de estar sempre optando por coisas práticas, mesmo que não sejam tão belas.

Uma das conclusões a que cheguei logo no início deste estudo é que precisarei aprender a unir estas duas qualidades em meu lar, a beleza e a praticidade. E ainda, que algumas coisas, apesar de tê-las inicialmente (pois a mudança de visão leva certo tempo) como inúteis, serão inclusas em nossos dias simplesmente por serem belas.

O verdadeiro, o bom e o belo

“A beleza deve ser comparada à verdade e à bondade, integrando um trio de valores supremos que justifica nossas inclinações racionais.”

“Para justificarmos nossas crenças e desejos, nossa razão deve estar ancorada no verdadeiro e no bom. O mesmo, então, se aplicaria à beleza? Afirmar que sim é negligenciar a natureza subversiva da beleza.”

“A beleza pode ser inimiga da verdade, e ainda, a beleza pode ser inimiga da bondade.”

“A bondade e a verdade, supomos, jamais rivalizam, e a busca de uma é sempre compatível com o respeito que se deve à outra. Já a busca da beleza é muito questionável, de modo que, ao ser buscada/almejada como um valor supremo, tem sido contraposta à vida virtuosa.”

Basta olharmos ao nosso redor, nas ruas, nos grupos de conversas, nas redes sociais, para verificarmos que a busca desenfreada por ‘beleza’, e por vezes temperada com altas doses de narcisismo, para concluirmos que de fato, a beleza tem sido radicalmente contraposta à uma vida virtuosa e à verdade.

“São Tomás de Aquino via a beleza, a bondade e a unidade como ‘transcendentais’. Suas visões sobre a beleza são mais implícitas que explícitas. Em geral, nossa resposta natural é de que a beleza diz respeito às aparências, e não ao ser.”

A beleza que São Tomás percebia era transcendente, muito além daquilo que a tinha. Posso assegurar que estou no grupo de pessoas que enxergam a beleza na aparência, no objeto e que não consegue percebe-la implícita, no ‘ser’, ao menos não conscientemente. Esta beleza implícita existe? É possível? Creio que sim, e espero obter esta resposta mais à frente na leitura e também colocar na lista de mudanças necessárias em mim.

Alguns chavões

‘Uma verdade não pode contradizer a outra, as asserções almejam a verdade, que nossas asserções não são verdadeiras apenas porque afirmamos sê-lo’.

Os seis chavões que serão uteis à definição do tema:
1   A beleza nos agrada.
2-     Uma coisa pode ser mais bela do que outra.
3-     A beleza é sempre um motivo para nos ocuparmos daquilo que a possui.
4-     A beleza é objeto de um juízo: o juízo do gosto.
5-     O juízo do gosto diz respeito ao objeto belo, e não ao estado de espirito do sujeito. Ao declarar que determinado objeto é belo, descrevo tal objeto, jamais a mim mesmo.
6-     Não existem juízos de beleza de segunda mão. Você não pode me convencer a emitir um juízo que eu já não tenha feito antes, assim como não posso me tornar especialista em beleza apenas estudando o que outros disseram sobre os objetos belos, sem tê-los experimentado e julgado por conta própria.
 
Beleza mínima

Evasion d'été -  Vitória

“A beleza geralmente importa: não apenas porque agrada aos olhos, mas porque transmite significados valores que nos são relevantes e que desejamos conscientemente expressar.”

“Belezas arrebatadoras são menos importantes na estética da arquitetura do que a adequação das coisas...”

“Muito do que é dito sobre a beleza e sobre sua importância em nossas vidas ignora a beleza mínima de uma rua despretensiosa, de um bom par de sapatos ou de um pedaço refinado de papel de presente...”

“... essas belezas mínimas são muito mais importantes para nossa vida cotidiana do que as grandes obras que (se tivermos sorte) ocupam nossas horas de lazer; elas tem uma participação muito mais complexa em nossas decisões racionais.”

E aqui reitero o que já expus, que incluir beleza em nosso lar é importante e será um dos objetivos para este ano, porém sem deixar de prezar pela moderação e ordenamento. Creio que esta leitura será determinante para desenvolver um olhar atento ao belo, especialmente a estas belezas mínimas que por vezes passam desapercebidas.  

Algumas consequências

“Se a todo o momento almejássemos o tipo de beleza suprema, ficaríamos esteticamente sobrecarregados.”


"Elogiamos as coisas por sua elegância, por sua complexidade, por sua pátina; admiramos uma música por sua expressividade, sua disciplina, seu ordenamento; apreciamos o agradável, o elegante e o atraente – e muitas vezes depositamos muito mais confiança nesses juízos que na afirmação desqualificada de que algo é belo."

Este último trecho define bem a minha visão atual de beleza, ao parar e refletir cheguei à conclusão que tenho uma certa cegueira para as belezas mínimas e esta consciência e o desejo de modificar não apenas a minha forma de enxergar e perceber a beleza, mas de inclui-la em nossos dias, já fizeram valer esta leitura que está apenas começando e que, a meu ver, promete muito mais.

Dois conceitos de beleza

“Julgar a beleza não é apenas declarar uma preferência: esse juízo exige um ato de atenção (contemplação?).”

“É mais importante compreender a beleza em seu sentimento geral, isto é, como objeto do juízo estético.”

Meios, fins e contemplação

"Não apreciamos as coisas belas apenas por sua utilidade, mas também pelo que são em si mesmas. Apenas quando nosso interesse é completamente arrebatado por algo tal qual ele se mostra à nossa percepção é que começamos a falar de sua beleza, não importando o uso que lhe possa ser dado."

“Ao tratarmos a arquitetura como arte útil, estamos enfatizando outro aspecto dela, o aspecto que se encontra além da utilidade; estamos insinuando que uma obra arquitetônica pode ser apreciada não somente como meio que tem em vista determinado objetivo, mas também como um fim em si mesmo.”

“Mesmo que ainda não esteja claro o que entendemos por valor intrínseco, não encontramos dificuldades para compreender alguém que afirma, acerca de uma imagem ou obra musical que lhe agrada, que poderia contempla-la ou escuta-la para sempre e que ela não tem, para ele, nenhuma finalidade além de si mesma.”

Enfim, grande alegria e expectativa para o estudo deste livro que, espero, me trará valioso aprendizado.

Abraço fraterno,

Maya