Beleza – Roger Scruton
Resumos e impressões
Semana 01 – Pág 7 a 28 – prefácio ao sub capítulo ‘meios,
fins e contemplação’.
“A beleza pode nos
influenciar de inúmeras formas. Ela jamais é vista com indiferença e exige
nossa atenção. Se há alguém indiferente à beleza é por não ser capaz de percebê-la.”
Refletindo sobre a leitura e este tema da beleza, tentando
perceber a beleza ao nosso redor, me perguntei se ainda tenho esta capacidade
de perceber a beleza. Se consigo enxerga-la e inclui-la em nossos dias. Estamos
tão cercados de feiura (prédios feios, ruas feias, roupas feias, música
insalubres, e segue a lista...) que posso ter caído na infelicidade de achar
normal esta ausência da beleza.
“Porque deveríamos lamentar
o fato de a beleza estar desaparecendo de nosso mundo? De que modo podemos alegar
que determinado tipo de música é superior ou inferior a outro?”
“O relativismo levou
alguns a desprezarem os juízos de beleza por serem estes subjetivos.”
“A beleza é um valor real e universal ancorado em nossa natureza
racional, assim como defendo
que o senso do belo desempenha papel indispensável na formação do nosso mundo.”
Quando me preparando para a leitura e vendo o documentário
do Sr. Roger Scruton no Youtube, parei e me indaguei qual a definição de beleza
eu tinha, o que é o belo para mim? O que tinha em minha mente como o conceito
de beleza? Existem diferentes belezas, graus de beleza? A beleza é exata, ou
algo é belo ou não é belo? Enfim, me questionei sobre o assunto e sinceramente,
não sei se tenho respostas.
Entretanto, iniciando a leitura, já nesta primeira semana de
estudos, percebi de modo bem claro a necessidade de valorizar e (ainda mais)
trazer a beleza para meu lar, sem exageros, respeitando o ordenamento, que é
algo essencial para a tranquilidade por aqui, tanto para minha família, quanto
por ser uma necessidade pessoal. A desordem me desestrutura. E é nesta
necessidade de ordem/praticidade e numa formação tecnicista/utilitarista, que
computo o fato de estar sempre optando por coisas práticas, mesmo que não sejam
tão belas.
Uma das conclusões a que cheguei logo no início deste estudo
é que precisarei aprender a unir estas duas qualidades em meu lar, a beleza e a
praticidade. E ainda, que algumas coisas, apesar de tê-las inicialmente (pois a
mudança de visão leva certo tempo) como inúteis, serão inclusas em nossos dias
simplesmente por serem belas.
O verdadeiro, o bom e
o belo
“A beleza deve ser comparada à verdade e à bondade,
integrando um trio de valores supremos que justifica nossas inclinações
racionais.”
“Para justificarmos nossas crenças e desejos, nossa razão
deve estar ancorada no verdadeiro e no bom. O mesmo, então, se aplicaria à
beleza? Afirmar que sim é negligenciar a natureza subversiva da beleza.”
“A beleza pode ser inimiga da verdade, e ainda, a beleza
pode ser inimiga da bondade.”
“A bondade e a verdade, supomos, jamais rivalizam, e a busca
de uma é sempre compatível com o respeito que se deve à outra. Já a busca da
beleza é muito questionável, de modo que, ao ser buscada/almejada como um valor
supremo, tem sido contraposta à vida virtuosa.”
Basta olharmos ao nosso redor, nas ruas, nos grupos de
conversas, nas redes sociais, para verificarmos que a busca desenfreada por ‘beleza’,
e por vezes temperada com altas doses de narcisismo, para concluirmos que de
fato, a beleza tem sido radicalmente contraposta à uma vida virtuosa e à
verdade.
“São Tomás de Aquino
via a beleza, a bondade e a unidade como ‘transcendentais’. Suas visões sobre a
beleza são mais implícitas que explícitas. Em geral, nossa resposta natural é
de que a beleza diz respeito às aparências, e não ao ser.”
A beleza que São Tomás percebia era transcendente, muito
além daquilo que a tinha. Posso assegurar que estou no grupo de pessoas que
enxergam a beleza na aparência, no objeto e que não consegue percebe-la implícita,
no ‘ser’, ao menos não conscientemente. Esta beleza implícita existe? É
possível? Creio que sim, e espero obter esta resposta mais à frente na leitura
e também colocar na lista de mudanças necessárias em mim.
Alguns chavões
‘Uma verdade não pode
contradizer a outra, as asserções almejam a verdade, que nossas asserções não
são verdadeiras apenas porque afirmamos sê-lo’.
Os seis chavões que
serão uteis à definição do tema:
2- Uma coisa pode ser mais bela do que outra.
3- A beleza é sempre um motivo para nos ocuparmos daquilo que a possui.
4- A beleza é objeto de um juízo: o juízo do gosto.
5- O juízo do gosto diz respeito ao objeto belo, e não ao estado de espirito do sujeito. Ao declarar que determinado objeto é belo, descrevo tal objeto, jamais a mim mesmo.
6- Não existem juízos de beleza de segunda mão. Você não pode me convencer a emitir um juízo que eu já não tenha feito antes, assim como não posso me tornar especialista em beleza apenas estudando o que outros disseram sobre os objetos belos, sem tê-los experimentado e julgado por conta própria.
Beleza mínima
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| Evasion d'été - Vitória |
“A beleza geralmente
importa: não apenas porque agrada aos olhos, mas porque transmite significados
valores que nos são relevantes e que desejamos conscientemente expressar.”
“Belezas arrebatadoras
são menos importantes na estética da arquitetura do que a adequação das
coisas...”
“Muito do que é dito
sobre a beleza e sobre sua importância em nossas vidas ignora a beleza mínima de
uma rua despretensiosa, de um bom par de sapatos ou de um pedaço refinado de
papel de presente...”
“... essas belezas mínimas são muito mais importantes para nossa
vida cotidiana do que as grandes obras que (se tivermos sorte) ocupam nossas
horas de lazer; elas tem uma participação muito mais complexa em nossas
decisões racionais.”
E aqui reitero o que já expus, que incluir beleza em nosso
lar é importante e será um dos objetivos para este ano, porém sem deixar de
prezar pela moderação e ordenamento. Creio que esta leitura será determinante
para desenvolver um olhar atento ao belo, especialmente a estas belezas mínimas
que por vezes passam desapercebidas.
Algumas consequências
“Se a todo o momento almejássemos o tipo de beleza suprema, ficaríamos
esteticamente sobrecarregados.”
"Elogiamos as coisas por sua elegância, por sua complexidade,
por sua pátina; admiramos uma música por sua expressividade, sua disciplina,
seu ordenamento; apreciamos o agradável, o elegante e o atraente – e muitas
vezes depositamos muito mais confiança nesses juízos que na afirmação
desqualificada de que algo é belo."
Este último trecho define bem a minha visão atual de beleza,
ao parar e refletir cheguei à conclusão que tenho uma certa cegueira para as
belezas mínimas e esta consciência e o desejo de modificar não apenas a minha
forma de enxergar e perceber a beleza, mas de inclui-la em nossos dias, já
fizeram valer esta leitura que está apenas começando e que, a meu ver, promete
muito mais.
Dois conceitos de
beleza
“Julgar a beleza não é apenas declarar uma preferência: esse
juízo exige um ato de atenção (contemplação?).”
“É mais importante compreender a beleza em seu sentimento
geral, isto é, como objeto do juízo estético.”
Meios, fins e
contemplação
"Não apreciamos as
coisas belas apenas por sua utilidade, mas também pelo que são em si mesmas.
Apenas quando nosso interesse é completamente arrebatado por algo tal qual ele
se mostra à nossa percepção é que começamos a falar de sua beleza, não
importando o uso que lhe possa ser dado."
“Ao tratarmos a arquitetura como arte útil, estamos
enfatizando outro aspecto dela, o aspecto que se encontra além da utilidade;
estamos insinuando que uma obra arquitetônica pode ser apreciada não somente
como meio que tem em vista determinado objetivo, mas também como um fim em si
mesmo.”
“Mesmo que ainda não esteja claro o que entendemos por valor intrínseco, não encontramos dificuldades para
compreender alguém que afirma, acerca de uma imagem ou obra musical que lhe
agrada, que poderia contempla-la ou escuta-la para sempre e que ela não tem,
para ele, nenhuma finalidade além de si mesma.”
Enfim, grande alegria e expectativa para o estudo deste
livro que, espero, me trará valioso aprendizado.
Abraço fraterno,
Maya
