sábado, 9 de março de 2019

Beleza – Roger Scruton - parte 2


Livro: Beleza – Roger Scruton

Semana 02 – Página 28 a 49 (Desejando o individual a Beleza e desejo)

“Desejar algo por sua beleza é desejar esse algo, e não querer fazer algo com ele.”

Pelo que pude compreender deste trecho a beleza em si não precisa ser necessariamente útil ou ter uma função ativa em nossos dias, basta que ela esteja lá, presente. Por exemplo, uma bela pintura que escolhemos para colocar em nossa sala. Ela não é algo útil, no sentido prático da palavra, porém a desejamos simplesmente por ser bela, por deixar o ambiente mais agradável. O que não quer dizer que a beleza e a utilidade não possam estar juntas. Porém, a beleza se sobrepõe à função/utilidade.

O autor cita o fato de um prédio belo ter suas funções modificadas e ainda assim continuar a existir. No documentário ele cita o exemplo de uma estação de trem que passou a ser um café e que este atrai muitas pessoas pela beleza do lugar, pelo sensação que este causa aos visitantes. Assim como demonstrou também vários prédio (horrendos por sinal) que foram abandonados, o que me recordou de vários prédios aqui em nossa cidade na mesma situação, feios e abandonados.

Através dos sentidos podemos perceber e usufruir da beleza, sermos alcançados por ela.  Segundo São Tomás de Aquino ‘o belo diz respeito à visão e à audição’, vias que nos permitem apreciar e usufruir da beleza. Esta leitura tem reforçado a importância que é treinarmos esses nossos sentidos para perceber e usufruir da beleza, quando o feio se destaca tanto. A cidade que resido, possui poucas construções antigas, pois em sua maioria foram demolidas para dar lugar a novas construções (quadradas, práticas e feias), e infelizmente não tive a mesma facilidade em percebê-los (construções antigas e belas) como o foi com os prédios abandonados. No entanto, me deleitei ao recordar de uma viagem a Ouro Preto/MG e da riqueza de detalhes nas construções existentes lá, creio que hoje, após a leitura deste livro, provavelmente teria aproveitado ainda mais os passeios.

“O prazer na beleza não é apenas intencional, é contemplativo.”


De fato, conforme o autor nos explica, os prazeres intencionais podem ser neutralizados, já o prazer na beleza se renova conforme a contemplamos, sendo este um prazer comparado a um dom (do latim ‘donu’, significa dádiva, presente). O que faz muito sentido quando ele fala que a ‘experiência da beleza é uma prerrogativa dos seres racionais’ – criaturas com linguagem, autoconsciência, razão prática e juízo moral.

No segundo capítulo, ao tratar da beleza humana, o autor expõe a abordagem filosófica do livro através do questionamento: ‘O estado de espírito causado pelo confronto com a beleza possui um fundamento racional?’.

Expõe como ela (a beleza) é levada em conta tanto por homens, como por mulheres (no sentido sexual) e como nos sentimos perturbados com a sua ausência (em todas as esferas da vida), julgando ser essencial à vida em sociedade, um certo grau estético, como que uma ‘beleza mínima’ estando o senso do belo ligado a uma necessidade coletiva de ‘tornar especial’ algo. Afirma que a beleza não estimula o desejo, mas sim é evocada por ele e que na esfera da arte a beleza é objeto de contemplação, não de desejo, de modo que diante da beleza a postura contemplativa deveria/seria a mais adequada.

A compreensão da leitura está difícil para mim, mas creio que ao finalizar o livro, tendo acesso a toda a explanação do autor, compreenderei melhor. Por enquanto contento-me em tentar enxergar e/ou aplicar no dia a dia, na minha realidade, os pontos que pude compreender.

De um modo bem simplório comparo a presente leitura como ondas a serem surfadas, no entanto, aqui ainda estou ‘tomando caldos’.

Abraço fraterno,

Maya


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Beleza - Roger Scruton - Parte 1


Beleza – Roger Scruton

Resumos e impressões

Semana 01 – Pág 7 a 28 – prefácio ao sub capítulo ‘meios, fins e contemplação’.

“A beleza pode nos influenciar de inúmeras formas. Ela jamais é vista com indiferença e exige nossa atenção. Se há alguém indiferente à beleza é por não ser capaz de percebê-la.”

Refletindo sobre a leitura e este tema da beleza, tentando perceber a beleza ao nosso redor, me perguntei se ainda tenho esta capacidade de perceber a beleza. Se consigo enxerga-la e inclui-la em nossos dias. Estamos tão cercados de feiura (prédios feios, ruas feias, roupas feias, música insalubres, e segue a lista...) que posso ter caído na infelicidade de achar normal esta ausência da beleza.

“Porque deveríamos lamentar o fato de a beleza estar desaparecendo de nosso mundo? De que modo podemos alegar que determinado tipo de música é superior ou inferior a outro?”

“O relativismo levou alguns a desprezarem os juízos de beleza por serem estes subjetivos.”

“A beleza é um valor real e universal ancorado em nossa natureza racional, assim como defendo que o senso do belo desempenha papel indispensável na formação do nosso mundo.”

Quando me preparando para a leitura e vendo o documentário do Sr. Roger Scruton no Youtube, parei e me indaguei qual a definição de beleza eu tinha, o que é o belo para mim? O que tinha em minha mente como o conceito de beleza? Existem diferentes belezas, graus de beleza? A beleza é exata, ou algo é belo ou não é belo? Enfim, me questionei sobre o assunto e sinceramente, não sei se tenho respostas.

Entretanto, iniciando a leitura, já nesta primeira semana de estudos, percebi de modo bem claro a necessidade de valorizar e (ainda mais) trazer a beleza para meu lar, sem exageros, respeitando o ordenamento, que é algo essencial para a tranquilidade por aqui, tanto para minha família, quanto por ser uma necessidade pessoal. A desordem me desestrutura. E é nesta necessidade de ordem/praticidade e numa formação tecnicista/utilitarista, que computo o fato de estar sempre optando por coisas práticas, mesmo que não sejam tão belas.

Uma das conclusões a que cheguei logo no início deste estudo é que precisarei aprender a unir estas duas qualidades em meu lar, a beleza e a praticidade. E ainda, que algumas coisas, apesar de tê-las inicialmente (pois a mudança de visão leva certo tempo) como inúteis, serão inclusas em nossos dias simplesmente por serem belas.

O verdadeiro, o bom e o belo

“A beleza deve ser comparada à verdade e à bondade, integrando um trio de valores supremos que justifica nossas inclinações racionais.”

“Para justificarmos nossas crenças e desejos, nossa razão deve estar ancorada no verdadeiro e no bom. O mesmo, então, se aplicaria à beleza? Afirmar que sim é negligenciar a natureza subversiva da beleza.”

“A beleza pode ser inimiga da verdade, e ainda, a beleza pode ser inimiga da bondade.”

“A bondade e a verdade, supomos, jamais rivalizam, e a busca de uma é sempre compatível com o respeito que se deve à outra. Já a busca da beleza é muito questionável, de modo que, ao ser buscada/almejada como um valor supremo, tem sido contraposta à vida virtuosa.”

Basta olharmos ao nosso redor, nas ruas, nos grupos de conversas, nas redes sociais, para verificarmos que a busca desenfreada por ‘beleza’, e por vezes temperada com altas doses de narcisismo, para concluirmos que de fato, a beleza tem sido radicalmente contraposta à uma vida virtuosa e à verdade.

“São Tomás de Aquino via a beleza, a bondade e a unidade como ‘transcendentais’. Suas visões sobre a beleza são mais implícitas que explícitas. Em geral, nossa resposta natural é de que a beleza diz respeito às aparências, e não ao ser.”

A beleza que São Tomás percebia era transcendente, muito além daquilo que a tinha. Posso assegurar que estou no grupo de pessoas que enxergam a beleza na aparência, no objeto e que não consegue percebe-la implícita, no ‘ser’, ao menos não conscientemente. Esta beleza implícita existe? É possível? Creio que sim, e espero obter esta resposta mais à frente na leitura e também colocar na lista de mudanças necessárias em mim.

Alguns chavões

‘Uma verdade não pode contradizer a outra, as asserções almejam a verdade, que nossas asserções não são verdadeiras apenas porque afirmamos sê-lo’.

Os seis chavões que serão uteis à definição do tema:
1   A beleza nos agrada.
2-     Uma coisa pode ser mais bela do que outra.
3-     A beleza é sempre um motivo para nos ocuparmos daquilo que a possui.
4-     A beleza é objeto de um juízo: o juízo do gosto.
5-     O juízo do gosto diz respeito ao objeto belo, e não ao estado de espirito do sujeito. Ao declarar que determinado objeto é belo, descrevo tal objeto, jamais a mim mesmo.
6-     Não existem juízos de beleza de segunda mão. Você não pode me convencer a emitir um juízo que eu já não tenha feito antes, assim como não posso me tornar especialista em beleza apenas estudando o que outros disseram sobre os objetos belos, sem tê-los experimentado e julgado por conta própria.
 
Beleza mínima

Evasion d'été -  Vitória

“A beleza geralmente importa: não apenas porque agrada aos olhos, mas porque transmite significados valores que nos são relevantes e que desejamos conscientemente expressar.”

“Belezas arrebatadoras são menos importantes na estética da arquitetura do que a adequação das coisas...”

“Muito do que é dito sobre a beleza e sobre sua importância em nossas vidas ignora a beleza mínima de uma rua despretensiosa, de um bom par de sapatos ou de um pedaço refinado de papel de presente...”

“... essas belezas mínimas são muito mais importantes para nossa vida cotidiana do que as grandes obras que (se tivermos sorte) ocupam nossas horas de lazer; elas tem uma participação muito mais complexa em nossas decisões racionais.”

E aqui reitero o que já expus, que incluir beleza em nosso lar é importante e será um dos objetivos para este ano, porém sem deixar de prezar pela moderação e ordenamento. Creio que esta leitura será determinante para desenvolver um olhar atento ao belo, especialmente a estas belezas mínimas que por vezes passam desapercebidas.  

Algumas consequências

“Se a todo o momento almejássemos o tipo de beleza suprema, ficaríamos esteticamente sobrecarregados.”


"Elogiamos as coisas por sua elegância, por sua complexidade, por sua pátina; admiramos uma música por sua expressividade, sua disciplina, seu ordenamento; apreciamos o agradável, o elegante e o atraente – e muitas vezes depositamos muito mais confiança nesses juízos que na afirmação desqualificada de que algo é belo."

Este último trecho define bem a minha visão atual de beleza, ao parar e refletir cheguei à conclusão que tenho uma certa cegueira para as belezas mínimas e esta consciência e o desejo de modificar não apenas a minha forma de enxergar e perceber a beleza, mas de inclui-la em nossos dias, já fizeram valer esta leitura que está apenas começando e que, a meu ver, promete muito mais.

Dois conceitos de beleza

“Julgar a beleza não é apenas declarar uma preferência: esse juízo exige um ato de atenção (contemplação?).”

“É mais importante compreender a beleza em seu sentimento geral, isto é, como objeto do juízo estético.”

Meios, fins e contemplação

"Não apreciamos as coisas belas apenas por sua utilidade, mas também pelo que são em si mesmas. Apenas quando nosso interesse é completamente arrebatado por algo tal qual ele se mostra à nossa percepção é que começamos a falar de sua beleza, não importando o uso que lhe possa ser dado."

“Ao tratarmos a arquitetura como arte útil, estamos enfatizando outro aspecto dela, o aspecto que se encontra além da utilidade; estamos insinuando que uma obra arquitetônica pode ser apreciada não somente como meio que tem em vista determinado objetivo, mas também como um fim em si mesmo.”

“Mesmo que ainda não esteja claro o que entendemos por valor intrínseco, não encontramos dificuldades para compreender alguém que afirma, acerca de uma imagem ou obra musical que lhe agrada, que poderia contempla-la ou escuta-la para sempre e que ela não tem, para ele, nenhuma finalidade além de si mesma.”

Enfim, grande alegria e expectativa para o estudo deste livro que, espero, me trará valioso aprendizado.

Abraço fraterno,

Maya


segunda-feira, 18 de junho de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 12 Livro IV – A educação Moral – Alguns hábitos a fazer contrair


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 12

Livro IV  – A educação Moral – Alguns hábitos a fazer contrair

O bom caráter

O bom caráter é uma disposição natural e adquirida que impõe a lei de nunca ofender pessoa alguma voluntariamente e que após haver enfraquecido as tendência  más da natureza, dá a preponderância às inclinações nobres.

“Aquele que possui um bom caráter são e fazem outras pessoas felizes.”

Para se formar um bom caráter é preciso suprimir: a alimentação excitante, as palavras maldosas e os exemplos de descontentamento, de aspereza, de rancor, de vingança ou de cólera.

Nunca se deve atender as lágrimas sem motivos ou permitir que se torne uma criança amuada, pois este, se não combatido, desenvolve sentimentos como o orgulho. Por outro lado é preciso proporcionar à criança um ambiente cuja atmosfera seja afetuosa, com pais alegres, que dão o exemplo do bom humor e de uma disposição de espírito sempre equilibrada.

“O rir vale muitas vezes mais que os remédios.”

Os pais deverão tornar tão curtos quanto possível os momentos de severidade e, uma vez feita a correção, devem esquecê-la por completo, nunca mais falando dela.

A sinceridade

“A sinceridade embeleza a criança, enobrece o jovem, glorifica o homem maduro.”

A sinceridade de um filho constitui a maior honra e o maior prazer dos pais.

A sinceridade obriga a fazer boas confissões, e assegura, por consequência, a salvação e a saúde da alma.

Há três meios principais de desenvolver a sinceridade nas crianças: Dar o exemplo da sinceridade; Inspirar uma profunda estima pela sinceridade; Animar todo o ato de sinceridade.

Para dar o exemplo, o educador, nunca deve enganar a criança e nunca se deve mentir diante dela. É preciso evitar sobremaneira prometer o que não se pretende cumprir ou falar irrefletidamente, pois estes ensinam as crianças, mesmo as mais novas, que os atos deferem das palavras.

Sendo assim é preciso cautela quanto as chamadas mentiras piedosas (coelho da pascoa, papai noel ou São Nicolau, etc), pois a criança, piedosamente enganada, quando chegar o dia em que se conheça enfim a verdade, poderá considerar como ilusória e enganosa os mistérios mais graves da nossa fé.

Pode-se fortalecer a sinceridade das crianças pela fé, pela discrição e pela atenuação do castigo ou pelo perdão.
Pela fé: Deus vê tudo; sabe sempre a verdade, a mentira é um pecado; O demônio é o pai dos mentirosos, etc.
Pela discrição: Os pais serão discretos e não submeterão nunca a sinceridade da criança a um a prova demasiado rude.
Pela atenuação do castigo: Quando a falta é confessada a criança deve notar uma diferença na forma de tratar a falta cometida, dando assim valor a sinceridade. Quanto ao perdão completo do castigo deve-se observar as circunstâncias, não sendo oportuno ser indulgente frequentemente.

Em caso de reincidências de mentiras será preciso tratar com maior severidade e demonstrar claramente o descontentamento e então fazer-lhes perceber quão feia é a mentira e como Deus a puniu.

Abraço fraterno,

Maya





Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 11 Livro IV – A educação Moral – A formação da Vontade


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 11
Livro IV  – A educação Moral – A formação da Vontade

“Querer é já poder” P. Gaultier

Talvez você se pergunte: ‘Mas como assim, formação da vontade? Devo ensinar a criança a querer?!’
Olhando superficialmente pode parecer algo ilógico ou que não mereça atenção, no entanto a formação da vontade é determinante para a educação de uma criança, uma vez que esta deve aprender a querer não apenas as coisas fáceis, mas também as coisas difíceis, que lhe custem muito a fazer.

Para o catecismo da educação, vontade é ‘o poder que tem a alma de decidir, com consciência e reflexão, à uma determinada ação e uma vez decidido levar ao final sua execução, perseverando sempre, apesar de posições contrárias, apesar do cansaço, apesar das dificuldades.

Quando conquistada essa capacidade de querer, também evitará as irresoluções, terá o domínio de si e terá autoridade diante do mundo exterior e das posições contrárias que este possa oferecer.
Uma pessoa cuja vontade é fraca ou mau formada é também inconstante e desenvolve o vicio do desleixo e irresolução, sendo ainda demovido com facilidade de suas decisões. Ficará como um barco sem comando que anda ao sabor das ondas.
A vontade bem formada é aquela vontade firme, porém prudente, onde se prevê, medita, espera quando necessário, consulta e então quando bem informado, escolhe.

Para que a criança tenha a Vontade bem formada existem algumas condições, a princípio simples, mas que são essenciais. Destaco entre as citadas no catecismo:
·         Higiene apropriada: A vontade depende do sistema nervoso e do sistema muscular, do mesmo modo e na mesma medida que o operário depende do seu instrumento de trabalho.
Existe uma máxima que diz: “Corpo são, mente sã”, e esta se descreve perfeitamente a importância deste na formação da vontade. Ter um ambiente organizado, uma alimentação equilibrada (evitando alimentos que deixem a criança agitada, nervosa, com mal estar),  um corpo disposto a se movimentar auxilia sobremaneira para que a criança esteja disposta e suscetível aos esforços que uma vontade bem formada exige.

·         A criação de hábitos: O hábito é uma tendência adquirida por reproduzir certos atos ou suportar certos estados, tanto mais facilmente quanto mais vezes tenham sido suportados. Ou seja, repetir tantas vezes sejam necessárias uma determinada ação ate que se torne fácil executa-la, porém esta ação deve ser consciente e não uma mera repetição autônoma. Para tal, se faz necessário começar cedo, fazer repetir muitas vezes as mesmas ações, sempre da mesma maneira e à mesma hora, se possível. Dentre os hábitos mais importantes para a formação da vontade destaca-se a formação do habito da obediência pronta.

Deve-se evitar a todo o custo a procrastinação. Ao tomar uma decisão deve-se pô-la em prática sem demora. ‘Faça-o imediatamente’.

Para a formação da vontade é imprescindível se utilizar da moral, onde o sentimento seja despertado, pois ele possui maior poder sobre a vontade, que o esclarecimento. Um filho pode não executar uma ordem apenas por saber que é bom e que o deve fazer, mas o sentimento de temor e amor que tem pelos pais o levará a executar prontamente. Por isso tudo o que um pai diz aos seus deve respirar o temor e o amor.

“A criança que não tiver experimentado grandes temores, não deve ter grandes virtudes.”

Destaco ainda a influencia do meio na formação da vontade e o fato de sermos responsáveis pela influencia do exterior que se exerce sobre o individuo. Depende em grande parte de nós fazer o nosso meio, escolher o conjunto de homens e de coisas que terão influencia sobre nós. É preciso evitar a todo custo as representações imorais, as sensualidades e a feiura. Assim como se deve buscar contemplar belos quadros, executar boa musica, nos cercar de coisas belas e edificantes, manter amizades e convívio com pessoas de valor moral elevado.

Para com as crianças se faz necessário uma disciplina severa onde a preguiça e o desmazelo sejam abominados e para tal se deve lançar mão de praticas como: lisonjas ao corpo e ao paladar, divertimentos em demasia, modéstia do vestir, entre outros.

Para que as crianças desenvolvam a energia da ação e da fortificação da vontade é preciso que estas façam o que devem fazer, no momento que devem fazer. Para tal devem compreender que Deus é o mestre, que Ele tanto manda nos pais como nas crianças e que é preciso sempre obedecer a Deus e que obedecendo prontamente  agradarão a Deus e a seus pais, que estão no lugar de Deus – A serviço de Deus.

Finalizando esta parte devemos entender que desenvolver a duração do esforço, a perseverança nas ações é tão importante quanto desenvolver o querer inicial. Mesmo que seja custoso, cansativo, mortificante, é preciso perseverar e que cada vez que se faz um ato em conformidade com a luz divina da fé fortifica-se, mas de cada vez que se hesita ou recua, enfraquece-se a vontade.

Em resumo, é preciso IR ATÉ O FIM, ACABAR, CONCLUIR!

Abraço fraterno,

Maya




quarta-feira, 30 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10 – A formação da Vontade


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10
Livro IV  – A educação Moral – A formação da Vontade
Cap. I – A natureza da vontade e Cap. II – A importância da vontade

“Querer é já poder” P. Gaultier

ü O que é a vontade?  Sob um ponto de vista moral, a vontade pode ser definida como ‘o poder que tem a alma de se decidir, com consciência e reflexão, a uma determinada ação, executá-la e perseverar em suas decisões’. São três as principais condições para a vontade: A decisão, A execução e a perseverança.
ü  Vantagens da vontade:
- Evita ou corrige a irresolução: Pessoa irresoluta é aquela que não sabe decidir-se ou que após decidir muda a decisão diante de argumentos de outros. Acaba por se tornar uma pessoa inconstante. ‘Não sabe o que quer nem o que não quer’

- Contribui para a formação da inteligência: Para se formar a inteligência é necessário atenção e aplicação, virtudes custosas, que não podem manter-se senão com esforço. ‘A vontade é a mão com  a qual se domina dentro de si tudo o que se quer.’

- Dá o domínio de si mesmo: produz o equilíbrio, a harmonia e a constância. Quem tem o domínio de si é capaz de despertar/agir nas horas de apatia e de si refrear /acalmar nos momentos de excitações desordenadas (refrear as paixões). ‘é mais fácil abafar o primeiro desejo do que satisfazer todos os que se lhe seguirem.’
Ter o domínio de si e uma vontade bem formada (decisão) não quer dizer que a pessoa não sente medo, mas sim que ela é capaz de seguir, mesmo diante do medo.

 - Assegura a autoridade sobre o mundo exterior: Diante de uma vontade bem formada, nem os maus exemplos das pessoas sem fé e sem lei, nem o respeito humano ou as seduções do mundo, são capazes de influenciar em suas decisões, uma vez que ela tenha sido tomada resolutamente.

 - Conduz o homem ao fim que se propôs e que deve atingir: A vontade/ o querer leva a por-se em ação, a continuar aquilo que começou, o impulsiona a prosseguir dia após dia. ‘Quando se quer, acaba-se sempre por poder’.

Abraço fraterno,

Maya

terça-feira, 15 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9 Livro IV – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9
Livro IV  – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta

“É doido o pelicano que se mata pelos filhos seus, é louco o que sofre amarguras a trabalhar pelos seus” Ronsard

Quando a criança é o centro dos afetos (das atenções), corre-se o grande risco de fazê-la uma criança egoísta.

Mas o que vem a ser o egoísmo? É quando nos amamos só a nós próprios, quando reportamos tudo a nós mesmos, pessoas e coisas, quando não amamos os outros senão por nós próprios.

As crianças têm o privilégio de criar afetos com facilidade e ter o coração aberto ao outro, porém isso não as isenta do risco de florescer em seus corações o egoísmo, uma vez que todos nós nascemos com uma maldade inata, consequência do pecado original.

Porém, a causa mais comum do egoísmo é a MÁ EDUCAÇÃO.

As crianças estão cada vez mais egoístas e orgulhosas e a responsabilidade é dos pais que optam por não dar a eles irmãos, por colocá-los em pedestais e trata-los como pequenos senhores de suas casas. Fazem todas as suas vontades, não dão correções aos erros, mesmo aqueles mais escandalosos (falta de respeito para com os outros, birras, etc).

Como evitar o egoísmo?
1º - faze-los repartir com os irmãos as guloseimas e brinquedos que têm;
2º - Ensiná-los e incentivá-los a cuidar do outro (rezar pelo outro);
3º - Obriga-los a dizer ‘obrigada’, todas as vezes que receberem qualquer coisa;
4º - Ensiná-los a serem serviçais, a sacrificarem-se pelos outros;
5º - Educá-los no pensamento de ter sempre cuidado com os outros;
6º - Se a criança for de saúde delicada, observar para que esses cuidados especiais que se fizerem necessários, não se convertam num alimento de egoísmo.

Para os casos em que o egoísmo já se implantou no coração da criança, para corrigir será preciso levá-la a aprender amar ao outro mais que a si. Para matar o egoísmo será preciso ensiná-la o valor e a grandeza do AMOR e da DEDICAÇÃO ao outro.


Capítulo V – O coração deve ser intusiasta

O entusiasmo é o amor do sublime levado até ao sacrifício da vida e de tudo o que ela nos pode dar de melhor, é ele o único que nos permite realizar nobres ações.

Entre os 10 e 12 anos faz-se necessário que a criança comece a se apaixonar por um fim mais elevado do que as necessidades de cada dia e para tal deve-se por a criança em contato com as belezas da natureza, das obras primas literárias e artísticas. Faze-la notar as belezas as auxiliará a distingui-las.

Contudo, a forma mais fecunda de alimentar o entusiasmo no coração da criança é aquela que deriva das alturas, onde germina e floresce o amor de Deus, o amor da igreja, o amor das almas, o amor da pátria.  

Abraço fraterno,

Maya




terça-feira, 8 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8 – A educação Moral – As condições da formação do coração


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8
Livro IV  – A educação Moral – As condições da formação do coração

“O coração bem formado dever ser sensível, forte, regrado, desinteressado e entusiasta.”

Os tempos são de grande correria por aqui, mas eu não poderia deixar de registrar os pontos que achei mais interessantes desta leitura. Sendo assim, transcreverei as citações e trechos que mais me chamaram a atenção:

Capitulo I – O coração deve ser sensível

*      Para que a sensibilidade seja sempre uma qualidade deve-se evitar:
- a mimalhice: consiste em satisfazer todos os seus caprichos; em querer, custe o que custar, poupá-la ao menor sofrimento. Uma educação materialmente um pouco dura preserva da efeminação, o que é defeito, mesmo nas mulheres.
- a pieguice: é uma exageração e um desvio da sensibilidade. Evita-se isso ao habituar a criança a dominar e dirigir a sua sensibilidade. É preciso ensiná-las a reprimir as lágrimas (choro por situações e coisas pouco importantes).
- a sensualidade (já dito em textos anteriores).

Capitulo II – O coração deve ser forte
*   
   O coração sensível deve ser um coração forte. Para se criar uma criança com um coração forte deve-se exercitar, desde a mais tenra idade, a conservar a liberdade, a fidelidade e a serenidade do coração.
*      A liberdade do coração – reside completamente no domínio de si mesmo, e na subordinação dos afetos aos princípios da razão e da fé.
*      A fidelidade do coração – Consiste em manter com constância as afeições legítimas e ordenadas que uma vez se aceitaram.
*      A serenidade do coração – Consiste em conservar uma alegria calma e forte que se chama de paz, apesar da solidão e da vida afadigada do lar; apesar das angústias da miséria, das ruínas e das privações; apesar das doenças e enfermidades; apesar das faltas e tentações; apesar da perda dos seres queridos; apesar da aproximação da morte.
Para sustentar esta serenidade é preciso FÉ e o AMOR DE DEUS.

Capitulo III – O coração deve ser regrado

*      Um coração regrado é aquele que ama o belo e se liga ao bem.
*      Deve-se despertar no coração o ‘amor pelo belo’ pois, o conhecimento daquilo que é belo é o verdadeiro caminho e o primeiro escalão para o conhecimento das coisas que são boas. Só a visão do belo desprende a alma de tudo que é pequeno e mesquinho, depura a sensibilidade de todo o egoísmo, inflama nos corações a sede da perfeição infinita.

E com se pode despertar na criança este amor pelo belo? Educando-a num meio de beleza.


“seria conveniente dar à criança um quarto bem situado, alegre, bem revestido e ornado, onde ela possa sentir um coração terno que atrai e a mão afetuosa de alguém que protege e encaminha.”

*      O ‘amor pelo bem’ é despertado observando atentamente, para que o bem seja celebrado com amor, praticado com generosidade, defendido com desinteresse.
É preciso inspirar à criança:  o amor da família, o amor dos pobres, o amor do trabalho, o amor do dever, o amor da pátria.

o amor da família: Deve-se amar a honra do nome (nome da família, a tradição da família); pois o primeiro dever daqueles que o usam (o nome) é não o desonrar.

Os pais devem ensinar-lhe que foram eles que lhe deram a vida; que são eles que lhe proporcionam o lar, o calçado, o vestuário, a alimentação, etc; são eles que a instruem ou a mandam instruir, lhe preparam o futuro e a colocam no caminho do ceu; que são eles que, DEPOIS DE DEUS, lhe tem mais afeto e que, sem dúvida, tudo isto lhe faltaria, se fosse abandonada a si mesma.

“É um erro e uma ilusão completa acreditar que a criança ama por instinto e naturalmente.”

O Amor pelos pobres – Se os pais querem criar o amor pelos pobres, não devem esquecer-se de fazer notar que estas vantagens nem a todos estão asseguradas, que muitos são privadas delas e sê-lo-ão sempre, sem que, no entanto, tenham nisso alguma culpa; que era possível que a ele próprio essas vantagens faltassem por completo.
Dir-lhe-ão que há crianças, como ele, que não tem vestuário, nem lar, nem carne, nem guloseimas, nem mesmo pão e que este lhe é seu semelhante a quem se deve afeição.

O amor do trabalho – Deve fazê-los compreender que o trabalho é uma obrigação, uma glória, um preservativo e uma fonte de bens.

“Se alguém não quer trabalhar, que também não coma” São Paulo

“O tédio entrou no mundo pela preguiça.”

“A ociosidade é a mãe de todos os vícios.” Provérbio

Essas foram as partes que mais me chamaram a atenção, que considerei mais importante, no entanto, toda a leitura acrescentou algo, as formas de incutir o amor o pelo belo foi uma das partes que mais me impactou, talvez por vivermos num meio cercado de feiura por todos os lados e a dificuldade que se tem em apresentar esta beleza fora das paredes das nossa casas. O que nos obriga ainda mais a embelezar o nosso lar, sem deixar de manter a modéstia e a simplicidade.


Abraço fraterno,

Maya