Catecismo da Educação – Abade René Bethléem
– 1917 - Parte 8
Livro IV – A educação Moral
– As condições da formação do coração
“O coração bem formado dever ser sensível, forte, regrado, desinteressado
e entusiasta.”
Os tempos são de grande correria por aqui,
mas eu não poderia deixar de registrar os pontos que achei mais interessantes
desta leitura. Sendo assim, transcreverei as citações e trechos que mais me
chamaram a atenção:
Capitulo I – O coração deve ser sensível
Para que a sensibilidade seja sempre uma
qualidade deve-se evitar:
- a mimalhice: consiste em satisfazer
todos os seus caprichos; em querer, custe o que custar, poupá-la ao menor
sofrimento. Uma educação materialmente um pouco dura preserva da efeminação, o
que é defeito, mesmo nas mulheres.
- a pieguice: é uma exageração e um desvio da
sensibilidade. Evita-se isso ao habituar a criança a dominar e dirigir a sua
sensibilidade. É preciso ensiná-las a reprimir as lágrimas (choro por situações
e coisas pouco importantes).
- a sensualidade (já dito em textos anteriores).
Capitulo II – O coração deve ser forte
O coração sensível deve ser um coração forte.
Para se criar uma criança com um coração forte deve-se exercitar, desde a mais
tenra idade, a conservar a liberdade, a fidelidade e a serenidade do coração.
A liberdade do coração – reside completamente no
domínio de si mesmo, e na subordinação dos afetos aos princípios da
razão e da fé.
A fidelidade do coração – Consiste em
manter
com constância as afeições legítimas e ordenadas que uma vez se aceitaram.
A serenidade do coração – Consiste em conservar
uma alegria calma e forte que se chama de paz, apesar da solidão e da vida
afadigada do lar; apesar das angústias da miséria, das ruínas e das privações;
apesar das doenças e enfermidades; apesar das faltas e tentações; apesar da
perda dos seres queridos; apesar da aproximação da morte.
Para sustentar esta serenidade é preciso FÉ e o AMOR DE DEUS.
Capitulo III – O coração deve ser regrado
Um coração regrado é aquele que ama o belo e se
liga ao bem.
Deve-se despertar no coração o ‘amor pelo belo’
pois, o conhecimento daquilo que é belo é o verdadeiro caminho e o primeiro
escalão para o conhecimento das coisas que são boas. Só a visão do belo
desprende a alma de tudo que é pequeno e mesquinho, depura a sensibilidade de
todo o egoísmo, inflama nos corações a sede da perfeição infinita.
E com se pode despertar na criança este amor
pelo belo? Educando-a num meio de beleza.
“seria
conveniente dar à criança um quarto bem situado, alegre, bem revestido e ornado,
onde ela possa sentir um coração terno que atrai e a mão afetuosa de alguém que
protege e encaminha.”
O ‘amor pelo bem’ é despertado observando
atentamente, para que o bem seja celebrado com amor, praticado com
generosidade, defendido com desinteresse.
É preciso inspirar à criança: o amor da família, o amor dos pobres, o amor
do trabalho, o amor do dever, o amor da pátria.
o amor da família: Deve-se amar a honra do
nome (nome da família, a tradição da família); pois o primeiro dever daqueles
que o usam (o nome) é não o desonrar.
Os pais devem ensinar-lhe que foram eles que
lhe deram a vida; que são eles que lhe proporcionam o lar, o calçado, o
vestuário, a alimentação, etc; são eles que a instruem ou a mandam instruir,
lhe preparam o futuro e a colocam no caminho do ceu; que são eles que, DEPOIS
DE DEUS, lhe tem mais afeto e que, sem dúvida, tudo isto lhe faltaria, se fosse
abandonada a si mesma.
“É um
erro e uma ilusão completa acreditar que a criança ama por instinto e
naturalmente.”
O Amor pelos pobres – Se os pais querem criar
o amor pelos pobres, não devem esquecer-se de fazer notar que estas vantagens
nem a todos estão asseguradas, que muitos são privadas delas e sê-lo-ão sempre,
sem que, no entanto, tenham nisso alguma culpa; que era possível que a ele próprio
essas vantagens faltassem por completo.
Dir-lhe-ão que há crianças, como ele, que não
tem vestuário, nem lar, nem carne, nem guloseimas, nem mesmo pão e que este lhe
é seu semelhante a quem se deve afeição.
O amor do trabalho – Deve fazê-los
compreender que o trabalho é uma obrigação, uma glória, um preservativo e uma
fonte de bens.
“Se alguém não quer trabalhar, que também não
coma” São Paulo
“O tédio entrou no mundo pela preguiça.”
“A ociosidade é a mãe de todos os vícios.”
Provérbio
Essas foram as partes que mais me chamaram a
atenção, que considerei mais importante, no entanto, toda a leitura acrescentou
algo, as formas de incutir o amor o pelo belo foi uma das partes que mais me
impactou, talvez por vivermos num meio cercado de feiura por todos os lados e a
dificuldade que se tem em apresentar esta beleza fora das paredes das nossa
casas. O que nos obriga ainda mais a embelezar o nosso lar, sem deixar de
manter a modéstia e a simplicidade.
Abraço fraterno,
Maya