quarta-feira, 30 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10 – A formação da Vontade


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10
Livro IV  – A educação Moral – A formação da Vontade
Cap. I – A natureza da vontade e Cap. II – A importância da vontade

“Querer é já poder” P. Gaultier

ü O que é a vontade?  Sob um ponto de vista moral, a vontade pode ser definida como ‘o poder que tem a alma de se decidir, com consciência e reflexão, a uma determinada ação, executá-la e perseverar em suas decisões’. São três as principais condições para a vontade: A decisão, A execução e a perseverança.
ü  Vantagens da vontade:
- Evita ou corrige a irresolução: Pessoa irresoluta é aquela que não sabe decidir-se ou que após decidir muda a decisão diante de argumentos de outros. Acaba por se tornar uma pessoa inconstante. ‘Não sabe o que quer nem o que não quer’

- Contribui para a formação da inteligência: Para se formar a inteligência é necessário atenção e aplicação, virtudes custosas, que não podem manter-se senão com esforço. ‘A vontade é a mão com  a qual se domina dentro de si tudo o que se quer.’

- Dá o domínio de si mesmo: produz o equilíbrio, a harmonia e a constância. Quem tem o domínio de si é capaz de despertar/agir nas horas de apatia e de si refrear /acalmar nos momentos de excitações desordenadas (refrear as paixões). ‘é mais fácil abafar o primeiro desejo do que satisfazer todos os que se lhe seguirem.’
Ter o domínio de si e uma vontade bem formada (decisão) não quer dizer que a pessoa não sente medo, mas sim que ela é capaz de seguir, mesmo diante do medo.

 - Assegura a autoridade sobre o mundo exterior: Diante de uma vontade bem formada, nem os maus exemplos das pessoas sem fé e sem lei, nem o respeito humano ou as seduções do mundo, são capazes de influenciar em suas decisões, uma vez que ela tenha sido tomada resolutamente.

 - Conduz o homem ao fim que se propôs e que deve atingir: A vontade/ o querer leva a por-se em ação, a continuar aquilo que começou, o impulsiona a prosseguir dia após dia. ‘Quando se quer, acaba-se sempre por poder’.

Abraço fraterno,

Maya

terça-feira, 15 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9 Livro IV – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9
Livro IV  – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta

“É doido o pelicano que se mata pelos filhos seus, é louco o que sofre amarguras a trabalhar pelos seus” Ronsard

Quando a criança é o centro dos afetos (das atenções), corre-se o grande risco de fazê-la uma criança egoísta.

Mas o que vem a ser o egoísmo? É quando nos amamos só a nós próprios, quando reportamos tudo a nós mesmos, pessoas e coisas, quando não amamos os outros senão por nós próprios.

As crianças têm o privilégio de criar afetos com facilidade e ter o coração aberto ao outro, porém isso não as isenta do risco de florescer em seus corações o egoísmo, uma vez que todos nós nascemos com uma maldade inata, consequência do pecado original.

Porém, a causa mais comum do egoísmo é a MÁ EDUCAÇÃO.

As crianças estão cada vez mais egoístas e orgulhosas e a responsabilidade é dos pais que optam por não dar a eles irmãos, por colocá-los em pedestais e trata-los como pequenos senhores de suas casas. Fazem todas as suas vontades, não dão correções aos erros, mesmo aqueles mais escandalosos (falta de respeito para com os outros, birras, etc).

Como evitar o egoísmo?
1º - faze-los repartir com os irmãos as guloseimas e brinquedos que têm;
2º - Ensiná-los e incentivá-los a cuidar do outro (rezar pelo outro);
3º - Obriga-los a dizer ‘obrigada’, todas as vezes que receberem qualquer coisa;
4º - Ensiná-los a serem serviçais, a sacrificarem-se pelos outros;
5º - Educá-los no pensamento de ter sempre cuidado com os outros;
6º - Se a criança for de saúde delicada, observar para que esses cuidados especiais que se fizerem necessários, não se convertam num alimento de egoísmo.

Para os casos em que o egoísmo já se implantou no coração da criança, para corrigir será preciso levá-la a aprender amar ao outro mais que a si. Para matar o egoísmo será preciso ensiná-la o valor e a grandeza do AMOR e da DEDICAÇÃO ao outro.


Capítulo V – O coração deve ser intusiasta

O entusiasmo é o amor do sublime levado até ao sacrifício da vida e de tudo o que ela nos pode dar de melhor, é ele o único que nos permite realizar nobres ações.

Entre os 10 e 12 anos faz-se necessário que a criança comece a se apaixonar por um fim mais elevado do que as necessidades de cada dia e para tal deve-se por a criança em contato com as belezas da natureza, das obras primas literárias e artísticas. Faze-la notar as belezas as auxiliará a distingui-las.

Contudo, a forma mais fecunda de alimentar o entusiasmo no coração da criança é aquela que deriva das alturas, onde germina e floresce o amor de Deus, o amor da igreja, o amor das almas, o amor da pátria.  

Abraço fraterno,

Maya




terça-feira, 8 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8 – A educação Moral – As condições da formação do coração


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8
Livro IV  – A educação Moral – As condições da formação do coração

“O coração bem formado dever ser sensível, forte, regrado, desinteressado e entusiasta.”

Os tempos são de grande correria por aqui, mas eu não poderia deixar de registrar os pontos que achei mais interessantes desta leitura. Sendo assim, transcreverei as citações e trechos que mais me chamaram a atenção:

Capitulo I – O coração deve ser sensível

*      Para que a sensibilidade seja sempre uma qualidade deve-se evitar:
- a mimalhice: consiste em satisfazer todos os seus caprichos; em querer, custe o que custar, poupá-la ao menor sofrimento. Uma educação materialmente um pouco dura preserva da efeminação, o que é defeito, mesmo nas mulheres.
- a pieguice: é uma exageração e um desvio da sensibilidade. Evita-se isso ao habituar a criança a dominar e dirigir a sua sensibilidade. É preciso ensiná-las a reprimir as lágrimas (choro por situações e coisas pouco importantes).
- a sensualidade (já dito em textos anteriores).

Capitulo II – O coração deve ser forte
*   
   O coração sensível deve ser um coração forte. Para se criar uma criança com um coração forte deve-se exercitar, desde a mais tenra idade, a conservar a liberdade, a fidelidade e a serenidade do coração.
*      A liberdade do coração – reside completamente no domínio de si mesmo, e na subordinação dos afetos aos princípios da razão e da fé.
*      A fidelidade do coração – Consiste em manter com constância as afeições legítimas e ordenadas que uma vez se aceitaram.
*      A serenidade do coração – Consiste em conservar uma alegria calma e forte que se chama de paz, apesar da solidão e da vida afadigada do lar; apesar das angústias da miséria, das ruínas e das privações; apesar das doenças e enfermidades; apesar das faltas e tentações; apesar da perda dos seres queridos; apesar da aproximação da morte.
Para sustentar esta serenidade é preciso FÉ e o AMOR DE DEUS.

Capitulo III – O coração deve ser regrado

*      Um coração regrado é aquele que ama o belo e se liga ao bem.
*      Deve-se despertar no coração o ‘amor pelo belo’ pois, o conhecimento daquilo que é belo é o verdadeiro caminho e o primeiro escalão para o conhecimento das coisas que são boas. Só a visão do belo desprende a alma de tudo que é pequeno e mesquinho, depura a sensibilidade de todo o egoísmo, inflama nos corações a sede da perfeição infinita.

E com se pode despertar na criança este amor pelo belo? Educando-a num meio de beleza.


“seria conveniente dar à criança um quarto bem situado, alegre, bem revestido e ornado, onde ela possa sentir um coração terno que atrai e a mão afetuosa de alguém que protege e encaminha.”

*      O ‘amor pelo bem’ é despertado observando atentamente, para que o bem seja celebrado com amor, praticado com generosidade, defendido com desinteresse.
É preciso inspirar à criança:  o amor da família, o amor dos pobres, o amor do trabalho, o amor do dever, o amor da pátria.

o amor da família: Deve-se amar a honra do nome (nome da família, a tradição da família); pois o primeiro dever daqueles que o usam (o nome) é não o desonrar.

Os pais devem ensinar-lhe que foram eles que lhe deram a vida; que são eles que lhe proporcionam o lar, o calçado, o vestuário, a alimentação, etc; são eles que a instruem ou a mandam instruir, lhe preparam o futuro e a colocam no caminho do ceu; que são eles que, DEPOIS DE DEUS, lhe tem mais afeto e que, sem dúvida, tudo isto lhe faltaria, se fosse abandonada a si mesma.

“É um erro e uma ilusão completa acreditar que a criança ama por instinto e naturalmente.”

O Amor pelos pobres – Se os pais querem criar o amor pelos pobres, não devem esquecer-se de fazer notar que estas vantagens nem a todos estão asseguradas, que muitos são privadas delas e sê-lo-ão sempre, sem que, no entanto, tenham nisso alguma culpa; que era possível que a ele próprio essas vantagens faltassem por completo.
Dir-lhe-ão que há crianças, como ele, que não tem vestuário, nem lar, nem carne, nem guloseimas, nem mesmo pão e que este lhe é seu semelhante a quem se deve afeição.

O amor do trabalho – Deve fazê-los compreender que o trabalho é uma obrigação, uma glória, um preservativo e uma fonte de bens.

“Se alguém não quer trabalhar, que também não coma” São Paulo

“O tédio entrou no mundo pela preguiça.”

“A ociosidade é a mãe de todos os vícios.” Provérbio

Essas foram as partes que mais me chamaram a atenção, que considerei mais importante, no entanto, toda a leitura acrescentou algo, as formas de incutir o amor o pelo belo foi uma das partes que mais me impactou, talvez por vivermos num meio cercado de feiura por todos os lados e a dificuldade que se tem em apresentar esta beleza fora das paredes das nossa casas. O que nos obriga ainda mais a embelezar o nosso lar, sem deixar de manter a modéstia e a simplicidade.


Abraço fraterno,

Maya