terça-feira, 29 de agosto de 2017

Métodos e Abordagens na educação domiciliar

ENSINANDO O TRIVIUM  - ESTILO CLASSICO DE MINISTRAR A EDUCAÇÃO CRISTÃ EM CASA.

CAPITULO 10 – Diferentes métodos e abordagens na educação domiciliar À luz do Trivium
Harvey e Laurie Bluedorn

“A autonomia é uma semente que deve ser plantada.”

No Catecismo da Igreja Católica, em seu número 1652, onde trata sobre algumas questões quanto à fecundidade do casal, há uma frase que diz o seguinte: “Os filhos são o dom mais excelente do Matrimonio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais.”

Quando paro para pensar no quanto minha vida mudou com a chegada dos filhos, não são raras as vezes que me vejo admirada do quanto a chegada de cada filho me faz bem. Sem meus filhos eu jamais teria enveredado pelos caminhos da educação domiciliar, muito provavelmente não conheceria a educação clássica ou mesmo os diversos métodos que podem ser utilizados na educação de uma criança e com isso me ajudam a curar as próprias falhas de um intelecto abandonado. Eles me fazem uma pessoa infinitamente melhor do que eu jamais fui ou seria sem eles.

Neste capitulo os autores nos dão indicação do que deve ser observado ou mesmo esperado de uma criança conforme sua faixa etária, deixando claro que pode haver variações que ocorrem conforme a personalidade e aptidões de cada criança. De acordo com o Trivium, sendo confirmada com a experiência na família dos autores:

·        Até os 10 anos: fase do conhecimento (gramática) – tempo de treino intenso e desenvolvimento da autodisciplina;
·        Dos 10 aos 12 anos: Acende-se a luz do entendimento (lógica) – inicia-se o desenvolvimento da habilidade de raciocínio e comunicação;
·        Dos 13 aos 15 anos: Fase do entendimento (lógica);
·        Dos 16 aos 18 anos: Fase da Sabedoria (retórica);
·        Até os 20 anos: Fases já plenamente desenvolvidas, ou é como deveria ser, pois eu no auge dos meus 34 anos agora que tenho percebido falhas em meu desenvolvimento intelectual que podem vir a levar anos para serem sanadas e à base de muito trabalho.

Outro ponto de grande destaque neste capítulo é o apontamento de alguns métodos de ensino e como eles podem ou não serem utilizados à luz do Trivium, sendo estes: Escopo e sequência, Unschooled, Abordagem em unidades de estudo, Método da educação por princípios, Método Charlotte Manson, educação Clássica formal e Educação Clássica aplicada.

Uma grata surpresa neste capitulo foi a visão cristã do método Unschooled, que devo dizer são coincidentes com a visão que eu tinha deste método. Não vejo como pode ser benéfico a uma criança ser deixada como dizem ‘livre, leve e solta’ sem nenhum tipo de norteio de aprendizado. A criança por sua própria natureza pede dos adultos indicações de quais os caminhos ela deve tomar. Não defendo aqui uma educação castradora, onde não é levada em conta as aptidões ou características da criança, mas sim uma educação onde ‘a criança não é deixada inteiramente entregue a seus próprios interesses’.

“O aprendizado negligente é um aprendizado ausente.”

Dentre os métodos abordados no capítulo fico inclinada entre o de ‘sequencia e escopo’, por ser mais próximo do que vivi na minha própria educação escolarizada; o método clássico aplicado e o método de Charlotte Manson. Por enquanto sigo entre um e outro ou mesmo de uma miscelânea dos três, pois pouco sei sobre o método do Trivium aplicado e do Método da charlote Manson, tendo em vista que a literatura para estudos em sua quase totalidade são estrangeiras.

Um ponto que gostei muito neste capitulo foi a diferenciação entre o Trivium formal e o Trivium aplicado, que eu ainda não tinha compreendido completamente. Sendo que o Trivium formal é um modelo educacional quando que o Trivium aplicado é um método de ensino, onde são vistos os fatos, as teorias e a prática de cada matéria a ser estudada.

No decorrer do capitulo fui levada a questionar quais os meus objetivos quanto ao direcionamento a ser dada à educação dos meus filhos e a olhar de forma mais crítica minhas motivações. Na ânsia de mostrar a todos que a educação domiciliar é o melhor caminho para a educação de uma criança e que estamos seguros de estarmos tomando a decisão correta, percebi em mim o desejo de levar meu filho a evoluir em alguns quesitos, mesmo que precocemente e pelos motivos errados. Tristemente me vi na descrição dos pais compulsivos ou dos pais exibicionistas e cheios de expectativas, exigindo do meu filho um comportamento que não é condizente com sua idade.

Tem sido difícil trilhar esse caminho tateando sempre as escuras, sem saber bem qual caminho tomar no próximo passo, mas em todos os momentos percebo a mão de Deus se estendendo e salvaguardando meus filhos de minhas ignorâncias, lançando luzes em meus erros e despertando em meu coração a sede pelo acerto.

“É certo que nunca devemos desestimular uma criança. Porém, tampouco devemos forçar excessivamente o ensino formal até um ponto de estresse ou frustração.”

Conforme fui lendo este livro, fui também desacelerando nas exigências, valorizando as conquistas e incentivando-o nas dificuldades. Quero acender muitas fogueiras na vida dos meus filhos e tentarei com todas as forças não afoga-los com baldes transbordantes de conteúdos. Que o Senhor me ajude!
Abraço fraterno,

Maya



sábado, 19 de agosto de 2017

O que preciso observar na escolha de um livro histórico?

ENSINANDO O TRIVIUM  - ESTILO CLASSICO DE MINISTRAR A EDUCAÇÃO CRISTÃ EM CASA.

CAPITULO 9 –  Aplicação dos princípios para o estudo da Literatura histórica
Harvey e Laurie Bluedorn

“Se soubermos como foi o desfecho de semelhantes coisas, e soubermos o que aconteceu para que chegássemos até o presente momento, poderemos saber intervir para mudar os eventos e romper o padrão.”

O movimento cada vez mais ativo na Educação Domiciliar no Brasil vem em encontro à frase acima. A partir do momento em que pais, que preocupados verdadeiramente com o futuro de seus filhos, passaram a olhar o presente, a realidade das escolas e perceber que esta consegue ser desesperadora a cada olhar lançado, se viram diante da necessidade de buscar novas alternativas. E foi olhando o passado, a forma como as crianças eram educadas antes da invenção da escola, que estes pais, sendo meu esposo e eu um desses, encontraram uma solução, diga-se de passagem, apaixonante, para suas famílias: A Educação Domiciliar.

É necessário modificar o rumo que a sociedade esta tomando e será esta geração de filhos educados no seio de suas famílias, sendo nutridos por conteúdos de grande valor intelectual e moral mas, sobretudo de carinho, atenção e  presença dos pais, que serão os agentes de mudanças. Serão, de fato, a esperança de um futuro melhor para a sociedade de modo geral.

Mas você que esta lendo este artigo pode se perguntar agora, o que tudo isto tem a ver com os princípios para o estudo da literatura histórica? Tem tudo a ver! Não é raro os pais homeschollers que descobrem que não possuem fontes confiáveis para os estudos. A mentalidade esquerdista que derrama ideologias e mentiras a cada ponto e vírgula se apossaram dos meios de comunicação e passaram a deturpar tudo a seu favor. Basta conversar com qualquer adolescente que é perceptível a lavagem que foi feita. Os bandidos são defendidos as custas, gostaria eu de dizer unhas e dentes, mas a realidade é que são defendidos a balas, facadas, bombardeios. Aqueles que deveriam olhar os acontecimentos e buscarem modificar a realidade se tornam massa de manobra debaixo dos nossos narizes. Vivemos em meio a uma sociedade emburrecida, cega e surda. Como educadores precisamos abrir bem nossos olhos diante de cada pesquisa, de cada livro adotado para diferenciarmos o que é o FATO histórico e o que são os vícios do REGISTRO histórico. Ouso dizer que a depender do autor do registro é aconselhável manter distância, não ousando nem mesmo abrir para conferir.

Neste capítulo são indicados algumas formas de como avaliar os documentos históricos, dentre eles a diferenciação das fontes. Busque se informar qual a fonte utilizada para a realização do registro histórico.
·        Fontes primárias, aquelas que tiveram contato direto e próximo ao evento. São as melhores pois os acontecimentos estão frescos. De modo mais simplificado, se atentar para a distância que o historiador ou autor estava do evento em questão.
·        Fontes secundárias – prova indireta, informação dada por alguém que não estava na cena original. Os famosos ‘ouvi dizer’. Nos meios editoriais são as enciclopédias, os romances e manuais de historia.
·        Fonte de Princípio – Registro primitivo.

                             Além dos tipos de fontes utilizadas existem alguns pontos que num tempo onde a mídia foi dominada por fanáticos esquerdistas (isso em se tratando da realidade do Brasil) é preciso que se atente ainda mais às distorções dos fatos, às parcialidades, às interpretações. São muitas as falácias históricas, podendo ser citada uma das mais famosas no Brasil, o período da ditadura militar, que analisada a fundo nem pode ser dito que a mesma existiu, e sim nada mais que um governo composto por militares.

                       Finalizo este com dois conselhos dos autores: Na dúvida, não utilize! Seu filho poderá estudar sobre o assunto em outra oportunidade com mais maturidade, sendo assim menos influenciado pelos erros. E por fim, lembre-se sempre e sempre, a literatura bíblica é a mais importante. Tudo provem de Deus. Se seu filho esta intimo d’Ele tudo o mais lhe será acrescentado.

Abraço fraterno,

Maya


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O que ler no estudo Classico?

ENSINANDO O TRIVIUM  - ESTILO CLASSICO DE MINISTRAR A EDUCAÇÃO CRISTÃ EM CASA.

CAPITULO 8 –  Princípios para o estudo da Literatura
Harvey e Laurie Bluedorn

“A principal instituição para transmitir a cultura é a família.”

Ao iniciar a educação clássica uma das primeiras perguntas que nos vem é: Que livro usar? Como escolher? Neste capitulo o casal Bluedorn não nos sorri com uma resposta pronta, mas nos dá a formula a ser usada para toda e qualquer literatura: ler e reformular tudo o que vier do mundo e deixa-la conforme a visão de mundo cristã para assim servir a nossos propósitos. A visão cristã por sua vez provém da perspectiva absoluta de Deus que nos é comunicada através da Escritura. De modo que aquilo que não for possível ser lido e estudado seguindo esta formula, deve ser deixada de lado, deve ser jogada fora e afastada de nossos lares, pois nada de bom há de vir dali.

É importante para nós pais educadores ter em mente que não deve ser nosso objetivo criar pequenos gênios e afogar nossos filhos em todo tipo de conhecimento. Como foi dito pelo casal Bluedorn, é preciso que nós pais percebamos que não devemos expor nossos filhos a todo o tipo de cultura de modo que não se ‘banhem em lama em busca de poucas ou nenhuma pérola’. Devemos sim, ensina-los como obter o conhecimento e incutir em seus corações o desejo de sempre agradar a Deus em tudo o que fizerem. Desta forma receberão a graça da sabedoria e saberão argumentar em todas as situações em que forem questionados por sua fé ou conhecimento. Um exemplo disto foi Paulo de Tarso que mesmo não conhecendo a fundo a cultura grega soube utilizar o pouco que sabia para servir ao seu proposito de evangelização e conversão daquele povo.

Hoje, infelizmente, quase que a totalidade de nós é digno de ser chamado de Spermologos – Nome dado a pessoas que sem ordem ou método coletavam de outros e os repetia a terceiros do mesmo modo que haviam coletado, sem ordem e sem método – pois não temos conhecimento real e nem senso critico para perceber os erros e reformular a enxurrada de informações que recebemos diariamente na TV, nos Jornais, no celular e usar essas informações para contradizer aqueles que atacam nossa fé e argumentar de forma lógica sustentando nossos argumentos nas palavras dos nossos oponentes.

O mundo consume muito do nosso tempo, estamos sempre em busca do novo, nos informando sobre coisas que são alheias a nossa realidade, ao nosso cotidiano e que por vezes não acrescentará em nada no comprimento de nossa vocação. Devemos gastar nosso tempo de forma mais produtiva e com os estudos de modo geral não é diferente. De nada adiantaria criar uma lista de clássicos dos mais consagrados e elogiados, tidos como os essenciais na literatura clássica se não pudermos utilizá-los para promover o padrão bíblico da cosmovisão bíblica. Nesse caso melhor que nossos filhos não lessem nenhum deles.

Vou reproduzir aqui os 10 princípios para escolher o que ler, eleitos pelo casal Bluedorn neste capitulo 8 e com os quais concordo e acho bastante didático para quando tivermos que selecionar. Primeiramente, é de suma importância ter em mente a maturidade do leitor e então pode-se seguir os seguintes critérios:

1-      Faça o que é agradável ao Senhor;
2-      Não siga o mundo;
3-      Não permita que o mundo o siga (o mundo quer e busca ser seu amigo, mas sempre de acordo com as condições dele);
4-      O dia só tem 24h (faça bom uso);
5-      Mais velho não significa necessariamente melhor;
6-      É proveitoso?;
7-      Isto promove bons hábitos?;
8-      Esta leitura beneficiará minha educação?;
9-      Este material tem valor duradouro?;
10-  Na dúvida deixe de lado (seu tempo é curto e precioso)

Creio que seguindo este caminho e pedindo a graça do discernimento a Deus sua lista de leitura será incrível. Uma dica é comece pelas escrituras. São textos riquíssimos tanto em valores e conteúdo, quanto na linguagem e diversidade de assuntos.

Abraço fraterno,

Maya


domingo, 6 de agosto de 2017

Ensino da Retórica

ENSINANDO O TRIVIUM  - ESTILO CLASSICO DE MINISTRAR A EDUCAÇÃO CRISTÃ EM CASA.

CAPITULO 7 –  Ensino de Retórica
Harvey e Laurie Bluedorn

“Se começássemos a pensar por nós mesmos, seria muito perigoso para quem quer pensar por nós.”

Alguns hão de pensar que a habilidade da oratória seja um dom gratuito que não demande nenhum esforço ou dedicação. A pessoa apenas tem aquela habilidade inata. Eu, em muitas ocasiões, diante de palestrantes cativantes (daqueles que você vibra com cada palavra, sem conseguir desviar a atenção) fui uma dessas pessoas. Obviamente, alguns são presenteados com um dom especial, com uma facilidade em se expressar que os destacam dos demais. No entanto, conforme aprendo sobre o Trivium e suas vias de aprendizado (gramática, lógica e retórica) percebo que pode até existir aquele que aprenda com mais facilidade, entretanto, não pode existir aquele que seja incapaz de aprender.

Aqueles que possuem o dom no campo da retórica, caso lhes faltassem o treino e a dedicação necessários para o desenvolvimento desta capacidade, rapidamente seriam ultrapassados por outro que, mesmo não tendo a mesma facilidade, se dedica a estudos contínuos.



 “Para algumas pessoas, reunir as palavras com elegância e eficiência demanda pouco esforço, parece-lhes algo tão natural quanto respirar. Para os demais trata-se de uma habilidade aprendida após repetidos ensaios e práticas.”





Entende-se por retórica a expressão criativa de conclusões bem fundamentadas. A internet e os tantos meios de comunicação atuais (blogs, vlogs, canais de vídeos, redes sociais, etc) passam a falsa impressão de que hoje nos comunicamos mais que em outras épocas, porém não é o que ocorre. Essas facilidades de comunicação só fazem com muitos palpitem sobre tudo, sem se aprofundar em nada, de modo que os temas de debates acabem por ser os mais insípidos possíveis.

A oratória é uma arte e como toda arte exige dedicação constante.   A via da Retórica no Trivium é desenvolvida através da composição de textos, resenhas e prosas, através do preparo e desenvolvimento de discursos com o intuito de participar de debates ou mesmo competições. Após refletir um pouco fica claro que, de fato, esta é uma matéria indispensável em qualquer currículo. Ao ler o capitulo e enquanto refletia percebi que não fiz mais que meia dúzia de trabalhos escolares que me permitissem trabalhar a via da retórica.

Sou uma exceção? Não. Vejamos os resultados da redação do ENEM no ano de 2016 que podem ilustrar a atual situação da educação no país, tanto do ensino público, quanto do particular. Dos mais de 8 milhões de participantes, apenas 77 deles alcançou a nota máxima (1000), no entanto, aproximadamente 80 mil candidatos tiveram suas notas zeradas por motivos como fuga do tema, ideias desconectadas, cópias de textos e não atendimento ao tipo textual exigido, itens considerados básicos na produção de qualquer texto. Esse quadro é desolador, pois mais de 50% dos inscritos (mais de 4 milhões) não ultrapassaram 600 pontos. Ou seja, uma média de notas ridiculamente baixa (vide gráfico).

Gráfico de notas Redação Enem 2016
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/enem/enem-2016-77-tiraram-nota-maxima-na-redacao/


“A disciplina em uma área promove a disciplina em outras áreas, ao passo que o desleixo promove o desleixo.”

Na educação domiciliar em meu lar, tenho enfrentado dificuldades provenientes, muitas delas, das falhas em minha própria educação. Estou precisando reaprender a aprender, a desenvolver a virtude da constância, do empenho, do trabalho árduo em busca do aprendizado e com a retórica não tem sido diferente. Escrever esses textos sobre cada capítulo do livro Trivium exigem de mim um empenho de tempo e esforço que, posso dizer, se torna até mesmo um sofrimento físico, exigindo do cérebro um trabalho que há muito ele desacostumou, se é que em algum momento lhe foi pedido.

Enfim, como o casal Bluedorn disseram neste capítulo (embora ter sido em outro contexto, cai muito bem agora): “Vence-se a guerra por meio de uma série de batalhas”. É preciso vencer nossas limitações uma a uma, sem esmorecer. Espero que ao final da leitura deste livro tenha aprendido um pouco mais sobre o Trivium e possa aplica-lo com o firme propósito de aprender sempre mais e transmitir aos filhos que o Senhor nos confiar a herança de uma educação rica e fecunda.



 Abraço fraterno,

Maya