Catecismo da Educação – Abade René Bethléem
– 1917 - Parte 1
Livro 1 - Generalidades sobre a Educação
A educação em Geral / Os educadores (até pág. 45)
“Educar é
enobrecer. Enobrecer uma criança é tornar uma alma de criança tão indecisa e
indistinta, quase vizinha do nada e guia-la por ascensões sucessivas, às
regiões luminosas da verdade, às mais altas regiões da virtude.”
A verdade é imutável e sobrevive ao tempo.
Um livro escrito em 1917, exatos 100 anos atrás e que nos cala com os tantos
ensinamentos e verdades que nos traz. Em se tratando do necessário para se
educar e formar um homem nada mudou. A cada dia surgem novas teorias, métodos
milagrosos que prometem um filho perfeito com pouco esforço, entretanto o que
era essencial há 100 anos continua o sendo agora. O que mudou foram os desafios
a serem superados para incutir na criança uma verdadeira educação, uma educação
que as elevem, que as faça almejar o céu, porém os meios para se conseguir são
os mesmos.
Afinal, o que vem a ser este educar? Segundo
o Abade René educar é fazer que alguém se desentranhe de si mesmo, fazer de uma
criança um homem, dum cristão um santo, um eleito. Ler esta definição me fez
tremer diante da tamanha responsabilidade que tenho a frente. Como levar meus
filhos a serem o que ainda não sou? Como guiá-los por caminhos que ainda não
passei? Só me resta contar com a Misericórdia e a Graça de Deus, que não
abandona nem deixa sem resposta aqueles que O buscam e me lançar nos estudos,
contando que a sabedoria de Deus irá me guiar, fazendo com que eu seja educada
agora juntamente com as crianças que Ele mesmo me confiou.
“A criança
não é um vaso a encher, mas uma alma a enobrecer.”
Durante a leitura desta primeira parte me
recordei do livro ‘A educação dos filhos’ do Monsenhor Álvaro Negromonte que
nos ensina uma educação integral, onde se eduque não apenas o corpo, mas a
mente e a alma, formando assim o homem como um todo. O Catecismo da Educação também
nos chama a atenção quanto à importância de se formar o homem por completo, não
bastando dar bons conteúdos se estes não são recebidos por corações e mentes
virtuosos e voltados para Deus.
Como muitas pessoas, eu tinha as ‘boas
maneiras’ em grande conta no quesito educação, e busco incuti-las em meus
filhos, mas o catecismo da educação me fez ver que de nada adianta ensinar boas
maneiras a uma criança se não incutir em seus corações as virtudes e o
conhecimento de Deus. Isso as fará pessoas polidas, mas vazias. Pode-se de uma
forma educada desprezar o outro que passa necessidade ou muito educadamente
viver uma vida de vícios. O ensino das boas maneiras é necessário, porém antes se
deve preparar o terreno com as sementes das virtudes e do amor a Deus.
“A educação
tomada na sua acepção completa, abrange o homem todo, o seu corpo e a sua alma.”
Após a definição do que vem a ser educação
o Abade René explica por que a educação é um dever, especialmente dos pais. Ele
nos diz: ‘Porque a educação é para os pais o único meio de cumprirem a lei de
Deus, que lhes pedirá contas do depósito que lhes confiou.’ Claro que o pais
podem contar com a colaboração de outros, como do sacerdote, dos avós, do
professor, sendo aquela que não pode faltar, a ajuda de Deus, que esta sempre
vindo em socorro de nossas fraquezas.
Quando li sobre o papel da mãe e sobre o
quanto ela pode ser determinante no que o filho se tornará quando homem, fiquei
a pensar em como tenho sido como mãe, em como tenho rezado pouco pela
santificação dos meus filhos, nas minhas falhas com mãe educadora. Foi
inquietante ler que ‘Depois de Deus, a
obreira mais importante na educação cristã é a mãe, é dela que depende o futuro
do seu filho, é ela que pode fazer dele um Abel ou um Caim.’ Como perceber
o limite que separa e determina um Abel cheio de virtudes e de amor a Deus, de
um Caim cheio de orgulho, preguiça, desdém e que enxerga a Deus como Aquele que
pode ficar com o resto? Como uma mãe pode trabalhar para evitar que cresça em
seus filhos sentimentos tão danosos? Poderá ela fazer algo? Tratou Eva Caim
diferente de Abel? Eva os deu ensinamentos diferentes? Foi capaz de amar mais a
um que ao outro? Enfim, são questionamentos que me fiz, mas fiquei sem
respostas.
“É o
filho que salva a mãe.” MGR Rozier, A arte de ser mãe
A cada leitura, a cada dia que passa, a
certeza que me vem ao coração é que de fato, Deus me possibilitou a maternidade
por me amar e por desejar suscitar em mim um desejo de santidade, a mesma santidade
a qual Ele me chamava constantemente, mas para o qual eu não dava resposta. Foi
ao me tornar mãe que O ouvi e O desejei. Foi através do desejo de levar meus
filhos ao céu que me vi impelida a buscá-lo também para mim. E para isso tem
sido necessário me deixar ser remodelada pelas mãos amorosas de Deus, me deixar
ser educada pela nossa Mãe Maria Santíssima, me deixar ser ensinada a como ser
uma mulher, uma esposa, uma mãe e uma serva de Deus.
“Amar
a criança e fazer-se amar por ela, será sempre o grande segredo da educação.”
Iniciei este ano de educação domiciliar cheia de certezas e conforme os dias foram passando vi muitas delas irem por terra. Tomei consciência da minha ignorância e de quão grande era a necessidade de estudos, leituras, conversa com outras famílias, o quanto preciso estar aos pés da cruz para conseguir trilhar este caminho. Amar, amar e amar... Quando tudo parece dar errado é que mais preciso amar... Amar suas fragilidades, seus choros, suas resistências... Dar-lhes colo! Meus filhos precisam mais de uma mãe do que de uma professora. Se não amá-los muito, exceto pelo local, nada será diferente das escolas. E foi isso que mais se fixou em meu coração nesta primeira parte do Catecismo da educação. A harmonia entre os pais, um ambiente de carinho, de acolhimento, de tranquilidade, que transmita ao coração dos nossos filhos a segurança de que precisam para crescerem. Bons exemplos para seguirem e a lembrança constante da presença de Deus em nossos dias. Tendo isto, ‘tudo o mais será acrescentado’. A matemática, a gramática, as ciências, tudo fluirá em suas mentes, pois estarão abastecidos daquilo que mais anseiam.
Abraço fraterno,
Maya


