sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

TEACHING FROM REST – Sarah Mackenzie – Parte 3 e posfácio

TEACHING FROM REST – Sarah Mackenzie – Parte 3 e posfácio


“Primeiro mantenha a paz dentro de si mesmo, então você também pode trazer a paz para os outros. Thomas Kempis, Imitação de Cristo ”


Finalizo este livro com aquele incrível sabor de quero mais. Aquela sensação maravilhosa que uma leitura simples e edificante proporciona à mente e à alma enquanto lemos. De todos os livros que li sobre educação de filhos e homescholling, por certo, este foi o que mais impactou nossa rotina, decisões e estado de espírito. Sarah Mackenzie, sendo direta, sem muitos rodeios ou floreios, no entanto, repleta de carinho e leveza nos conduz por questionamentos e situações que muito inquietam quando se caminha nesse mundo de educação domiciliar.

“Uma mãe pacífica e feliz é a verdadeira chave para a educação em casa bem sucedida”. Esta frase reverberou em meus pensamentos por dias a fio. De forma quase cirúrgica extirpou as tensões, medos, ansiedades e, porque não, neuroses que me acompanhavam há bastante tempo. Em minhas listas sempre havia: currículos, rotinas, materiais didáticos, livros literários, estudos de métodos, cursos e mais cursos, atividades extracurriculares e mais tantas outras coisas que buscamos para nos capacitar e praticar com nossos filhos. Entretanto, o descanso, a paz em minha mente, o relaxamento que convém a uma mente confiante em Deus, a felicidade que advém quando se sabe estar fazendo o melhor que pode pelos filhos, isso não estava em nenhuma posição nas listas.

Diante disto, como desejar que as crianças sejam tranquilas, educadas e atentas, quando não enxergam isso em mim? Para seus coraçõezinhos ver a mãe tranquila, alegre e confiante diante dos percalços que surgem é o mais importante. É isso que precisam ver quando buscam o olhar materno, seja no aguardo do elogio ou da correção. E foi isso que aprendi durante a leitura deste livro.

No Brasil, uma vez que a educação domiciliar é algo ‘novo’ e ainda não consolidado, a busca por informações, troca de experiências com famílias, especialmente com as mães, que já vivem esta realidade há mais tempo, tanto pode ajudar muito, como também atrapalhar. A ansiedade de perceber em outras famílias uma realidade de rotina e estrutura que falta a sua própria casa rouba a paz. Esquece-se de que essas famílias passaram pelas dificuldades iniciais, que ‘bateram a cabeça’ muitas vezes, até chegarem onde estão. Esquece-se que são crianças em idades diferentes e rendimentos diferentes. Custa-se muito a entender que jamais devemos tentar nos nivelar com outras mães e que uma das grandes maravilhas da educação domiciliar reside exatamente aí. Sua família é única e isso torna a educação domiciliar praticada em sua casa, também única. Os temperamentos, as condições psicológicas e financeiras são diversas. Tentar se nivelar com essas mães astutas e super dinâmicas não vai ajudar em nada. A ordem da vez é: Busque SE conhecer. Compreenda suas habilidades, deficiências, potencialidades e trabalhe a favor de sua família. Inspire-se em outras famílias sem jamais desejar ser como ela.






“O descanso não é a ausência de trabalho. É a ausência de ansiedade.”



Somos modelos vivos para nossos filhos. Se desejamos que eles sejam algo, devemos antes sê-lo. Podemos falar-lhes sobre virtudes e exorta-los a afastarem-se dos vícios, no entanto, se não demonstrarmos em nossas vidas o que falamos, dificilmente eles seguirão tal caminho. Nossos filhos devem estar à frente de toda e qualquer crise. Até que as coisas se acalmem devemos escolher estar com eles. As atividades curriculares são apenas atividades, papéis. Nada mais! O relacionamento entre mãe e filho, o carinho e atenção que dispensamos a eles será sempre mais importante para o bom desenvolvimento intelectual deles. Abrace, beije, façam um passeio, respire, relaxe e então quando possível retomem de onde pararam.

As crianças precisam saber-se amadas, que são importantes para nós. Olhe nos olhos quando falarem. Pare e escute o que dizem. Suas pequenas descobertas, mesmo que pareçam insignificantes aos adultos, são para eles grandes tesouros que prontamente querem partilhar conosco.

“Seus filhos não são pessoas normais ou comuns. Não existem pessoas normais ou comuns, elas são reflexos do Todo Poderoso.”

Dentre os muitos puxões de orelha que tomei no decorrer desta leitura, o mais dolorido, talvez por ser obrigada a confrontar um defeito conhecido, porém ignorado, foi: “Algumas pessoas se chamam ‘multitarefas’, como se isso fosse uma habilidade desejada e aprimorada, mas nada mais é do que uma falta de foco...”. li e reli esta frase, pensando em todas as vezes em que realizei várias coisas ao mesmo tempo e em como isso chega a ser uma grande falta de respeito e educação. Computo esta falha ao tempo que passei no mercado de trabalho, onde o tempo e a produtividade deveriam ser potencializados ao máximo e permiti que esse mau hábito se enraizasse em mim. Desde esta leitura e reflexão não foram poucas as vezes em que falhei, porém agora que fui confrontada com o erro não posso mais fazer as pazes com ele. É preciso mudar. Recomeçar.

Um desses confrontos foi me reconhecer como na passagem onde Jesus caminha sobre as aguas, em meio à tempestade e convida Pedro a ir ao seu encontro. Não que eu me visse com a confiança e disponibilidade de Pedro, mas pude perceber que praticar a educação domiciliar é estar a todo o momento em meio a tempestades: Críticas e incompreensões, olhares desconfiados e comentários, sentimentos de inadequação, crises comportamentais, sobrecarga de afazeres e planejamentos, cobranças e questionamentos. São ventanias que vem contra nós, a confiança e tranquilidade se esvai e logo começamos a afundar e a nos perguntar: ‘O que estou fazendo?’ e então, percebemos que o Descansar do qual se fala em todo o livro é justamente este reconhecer de incapacidades e completo abandono em Deus.

Sarah nos lembra que os frutos deste trabalho que nos propomos a realizar na educação domiciliar e cristã de nossos filhos, são frutos que podemos não chegar a ver madurar. Fomos chamados a plantar sementes, cultivar pequenas mudas, ajuda-las a crescer e confiar que os frutos virão a seu tempo.

Enquanto realizamos este trabalho de confiança cega, precisamos estar constantemente levando nossos cestos de peixes e pães e apresentando a Jesus pelas mãos amorosas de Maria. Precisamos escutar o chamado de Jesus e nos por em marcha, mesmo que sobre as aguas e em meio às tempestades. Devemos continuar a nos encher e encher também nossos filhos da água do conhecimento e esperar o milagre do vinho da sabedoria.

Como último presente o livro nos indica três atitudes para encher nossos jarros de água:

1-      Escolher um mentor literário – Um autor para ser lido e com o qual possamos aprender. Elegi para iniciar: Chesterton, Jane Austen, Tolkien e Charlotte Manson.
2-      Fazer cópias manuscritas da Bíblia. Pode ser um evangelho ou um livro bíblico de sua preferência. A escrita levará a uma meditação mais profunda e proveitosa.
3-      Participar de Grupo de amigas que desejam cultivar a aprendizagem pessoal, a verdade, a bondade e a beleza. Recomenda-se encontros, sempre que possível, para partilhas e conversas amenas.

“Homescholling não é sobre escola preparatória. Trata-se de busca por sabedoria, de tornar-se seres virtuosos, é sobre a transformação da alma.”

Com um objetivo tão ambicioso assim porque se ater em conferências de listas e currículos imensos, uma vez que no homescholling não temos que seguir uma linha de produção fabril como nas escolas e sim desenvolvermos cada filho com suas individualidades e potencialidades? Evidentemente, deve-se haver um zelo quanto ao que será ensinado, no entanto é preciso deixar para trás cargas desnecessárias, nos reconhecer incapazes da perfeição, saber-se passível de erros e confiar que Deus usará desses erros tão bem quanto dos acertos e então descansar.

Abraço fraterno,

Maya





Nenhum comentário:

Postar um comentário