TEACHING FROM REST – Sarah Mackenzie –
Parte 3 e posfácio
“Primeiro
mantenha a paz dentro de si mesmo, então você também pode trazer a paz para os
outros. Thomas Kempis, Imitação de Cristo ”
Finalizo este livro com aquele incrível sabor
de quero mais. Aquela sensação maravilhosa que uma leitura simples e edificante
proporciona à mente e à alma enquanto lemos. De todos os livros que li sobre educação
de filhos e homescholling, por certo, este foi o que mais impactou nossa
rotina, decisões e estado de espírito. Sarah Mackenzie, sendo direta, sem
muitos rodeios ou floreios, no entanto, repleta de carinho e leveza nos conduz
por questionamentos e situações que muito inquietam quando se caminha nesse
mundo de educação domiciliar.
“Uma mãe pacífica e feliz é a verdadeira
chave para a educação em casa bem sucedida”. Esta frase reverberou em meus
pensamentos por dias a fio. De forma quase cirúrgica extirpou as tensões,
medos, ansiedades e, porque não, neuroses que me acompanhavam há bastante
tempo. Em minhas listas sempre havia: currículos, rotinas, materiais didáticos,
livros literários, estudos de métodos, cursos e mais cursos, atividades
extracurriculares e mais tantas outras coisas que buscamos para nos capacitar e
praticar com nossos filhos. Entretanto, o descanso, a paz em minha mente, o
relaxamento que convém a uma mente confiante em Deus, a felicidade que advém
quando se sabe estar fazendo o melhor que pode pelos filhos, isso não estava em
nenhuma posição nas listas.
Diante disto, como desejar que as crianças sejam
tranquilas, educadas e atentas, quando não enxergam isso em mim? Para seus
coraçõezinhos ver a mãe tranquila, alegre e confiante diante dos percalços que
surgem é o mais importante. É isso que precisam ver quando buscam o olhar
materno, seja no aguardo do elogio ou da correção. E foi isso que aprendi
durante a leitura deste livro.
No Brasil, uma vez que a educação domiciliar
é algo ‘novo’ e ainda não consolidado, a busca por informações, troca de experiências
com famílias, especialmente com as mães, que já vivem esta realidade há mais
tempo, tanto pode ajudar muito, como também atrapalhar. A ansiedade de perceber
em outras famílias uma realidade de rotina e estrutura que falta a sua própria casa
rouba a paz. Esquece-se de que essas famílias passaram pelas dificuldades
iniciais, que ‘bateram a cabeça’ muitas vezes, até chegarem onde estão.
Esquece-se que são crianças em idades diferentes e rendimentos diferentes.
Custa-se muito a entender que jamais devemos tentar nos nivelar com outras mães
e que uma das grandes maravilhas da educação domiciliar reside exatamente aí.
Sua família é única e isso torna a educação domiciliar praticada em sua casa,
também única. Os temperamentos, as condições psicológicas e financeiras são
diversas. Tentar se nivelar com essas mães astutas e super dinâmicas não vai
ajudar em nada. A ordem da vez é: Busque SE conhecer. Compreenda suas
habilidades, deficiências, potencialidades e trabalhe a favor de sua família.
Inspire-se em outras famílias sem jamais desejar ser como ela.
“O descanso não é a ausência de trabalho. É a ausência de ansiedade.”
Somos modelos vivos para nossos filhos. Se
desejamos que eles sejam algo, devemos antes sê-lo. Podemos falar-lhes sobre
virtudes e exorta-los a afastarem-se dos vícios, no entanto, se não
demonstrarmos em nossas vidas o que falamos, dificilmente eles seguirão tal
caminho. Nossos filhos devem estar à frente de toda e qualquer crise. Até que
as coisas se acalmem devemos escolher estar com eles. As atividades curriculares
são apenas atividades, papéis. Nada mais! O relacionamento entre mãe e filho, o
carinho e atenção que dispensamos a eles será sempre mais importante para o bom
desenvolvimento intelectual deles. Abrace, beije, façam um passeio, respire,
relaxe e então quando possível retomem de onde pararam.
As crianças precisam saber-se amadas, que
são importantes para nós. Olhe nos olhos quando falarem. Pare e escute o que dizem.
Suas pequenas descobertas, mesmo que pareçam insignificantes aos adultos, são
para eles grandes tesouros que prontamente querem partilhar conosco.
“Seus filhos não são
pessoas normais ou comuns. Não existem pessoas normais ou comuns, elas são
reflexos do Todo Poderoso.”
Dentre os muitos puxões de orelha que tomei
no decorrer desta leitura, o mais dolorido, talvez por ser obrigada a
confrontar um defeito conhecido, porém ignorado, foi: “Algumas pessoas se chamam ‘multitarefas’, como se isso fosse uma
habilidade desejada e aprimorada, mas nada mais é do que uma falta de foco...”.
li e reli esta frase, pensando em todas as vezes em que realizei várias
coisas ao mesmo tempo e em como isso chega a ser uma grande falta de respeito e
educação. Computo esta falha ao tempo que passei no mercado de trabalho, onde o
tempo e a produtividade deveriam ser potencializados ao máximo e permiti que
esse mau hábito se enraizasse em mim. Desde esta leitura e reflexão não foram
poucas as vezes em que falhei, porém agora que fui confrontada com o erro não
posso mais fazer as pazes com ele. É preciso mudar. Recomeçar.
Um desses confrontos foi me reconhecer como
na passagem onde Jesus caminha sobre as aguas, em meio à tempestade e convida
Pedro a ir ao seu encontro. Não que eu me visse com a confiança e
disponibilidade de Pedro, mas pude perceber que praticar a educação domiciliar
é estar a todo o momento em meio a tempestades: Críticas e incompreensões, olhares
desconfiados e comentários, sentimentos de inadequação, crises comportamentais,
sobrecarga de afazeres e planejamentos, cobranças e questionamentos. São
ventanias que vem contra nós, a confiança e tranquilidade se esvai e logo
começamos a afundar e a nos perguntar: ‘O que estou fazendo?’ e então,
percebemos que o Descansar do qual se fala em todo o livro é justamente este
reconhecer de incapacidades e completo abandono em Deus.
Sarah nos lembra que os frutos deste
trabalho que nos propomos a realizar na educação domiciliar e cristã de nossos
filhos, são frutos que podemos não chegar a ver madurar. Fomos chamados a
plantar sementes, cultivar pequenas mudas, ajuda-las a crescer e confiar que os
frutos virão a seu tempo.
Enquanto realizamos este trabalho de confiança
cega, precisamos estar constantemente levando nossos cestos de peixes e pães e
apresentando a Jesus pelas mãos amorosas de Maria. Precisamos escutar o chamado
de Jesus e nos por em marcha, mesmo que sobre as aguas e em meio às
tempestades. Devemos continuar a nos encher e encher também nossos filhos da
água do conhecimento e esperar o milagre do vinho da sabedoria.
Como último presente o livro nos indica três
atitudes para encher nossos jarros de água:
1-
Escolher um mentor literário – Um autor para ser
lido e com o qual possamos aprender. Elegi para iniciar: Chesterton, Jane Austen,
Tolkien e Charlotte Manson.
2-
Fazer cópias manuscritas da Bíblia. Pode ser um
evangelho ou um livro bíblico de sua preferência. A escrita levará a uma
meditação mais profunda e proveitosa.
3-
Participar de Grupo de amigas que desejam
cultivar a aprendizagem pessoal, a verdade, a bondade e a beleza. Recomenda-se
encontros, sempre que possível, para partilhas e conversas amenas.
“Homescholling não é
sobre escola preparatória. Trata-se de busca por sabedoria, de tornar-se seres
virtuosos, é sobre a transformação da alma.”
Com um objetivo tão ambicioso assim porque se ater em conferências de
listas e currículos imensos, uma vez que no homescholling não temos que seguir
uma linha de produção fabril como nas escolas e sim desenvolvermos cada filho
com suas individualidades e potencialidades? Evidentemente, deve-se haver um
zelo quanto ao que será ensinado, no entanto é preciso deixar para trás cargas
desnecessárias, nos reconhecer incapazes da perfeição, saber-se passível de
erros e confiar que Deus usará desses erros tão bem quanto dos acertos e então
descansar.
Abraço fraterno,
Maya

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