quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 7 - A educação Moral – A autoridade


Pinturas de Arthur John Elsley!

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 7

Livro IV  – A educação Moral – A autoridade (terceira parte)

“A autoridade é uma coisa grande e santa perante a qual o espirito se inclina, sem que o coração se humilhe.”


Em tempos de extrema rebeldia como o que vivemos, falar ou ler algo sobre autoridade soa no mínimo estranho.  Atualmente todos querem mandar e ninguém quer ser mandado. Crianças que ainda não deixaram as fraldas ditam o ritmo da casa e da vida de seus pais, pelo simples fato de que estes se esquivam do seu direito e do seu dever de governar a família com a autoridade que lhes é própria.  No entanto, basta uma breve pesquisa na internet ou uma olhadela em páginas e blogs que falam sobre educação de filhos para perceber a variedade de teorias educacionais, métodos de disciplina e outros tantos pacotes prontos para serem vendidos aqueles cujo único problema é não querer se desgastar no adestramento de seus filhos pequenos.

Apesar de o termo adestramento ser muito utilizado com referência a animais, ouso dizer que cai muito bem quando o assunto são crianças muito pequenas. A palavra adestramento refere-se à ação e ao efeito de adestrar, fazendo alusão ao ato de endireitar, amestrar, instruir, ensinar, disciplinar, fazer obedecer.

“Governar é servir, eis o que é a autoridade. (Bossuet)”

Existem 3 beneficiários do direito da autoridade:
- 1º Deus, autor de todos as coisas a quem devemos obediência plena;
- 2º Os pais, aqueles que são coautores com Deus e responsáveis por aqueles que com Ele geraram.
- 3º Todos aqueles a quem esta mesma autoridade é delegada, por Deus e pelos pais.

Sem que os pais façam uso de sua autoridade torna-se impossível cumprir com suas funções de educadores: - Formar o caráter dos filhos; - Preservá-los dos perigos; - Fazer-se amar por eles; - Gozar as alegrias que eles podem lhes proporcionar.

Os pais não devem temer corrigir os filhos, com receio de que estes deixem de nutrir por eles a afeição própria dos filhos por seus pais, porém o que se percebe é quase uma aversão à contrariedade. A criança não pode ser frustrada, não pode ser punida, deve estar sempre feliz e sendo saciada em todos os seus desejos. O ‘não’ foi extinto nos lares e as consequências disto têm sido as piores possíveis.

Nessa parte do catecismo da educação é ressaltada a importância de uma autoridade firme que culmine numa obediência pronta, de modo que quando esta não existir a autoridade se faça presente e as correções sejam pontuais e enérgicas. Não se deve dar espaço para a timidez de alguns pais, que se dirigem aos filhos quase que com receio de serem inconvenientes. Os filhos são postos em pequenos e brilhantes tronos e seus pais rapidamente tomam os lugares de servos suplicantes.  São muitos os pais que foram bem educados, mas que não aprenderam a praticar com os filhos a educação que receberam.

“O mal esta na moleza dos costumes domésticos, na fraqueza e na decadência da autoridade paterna e materna.”

Quando se fala em autoridade enérgica, não se exclui desta os sentimentos de carinho e afeição, o amor maternal e a ternura com que devemos tratar aqueles a quem amamos, entretanto, não se pode em nome desse amor desprezar o dever da educação dos filhos e a pronta aplicação da autoridade de pais que este requer.
A autoridade além de um direito e um dever é também uma ciência e como tal tem princípios que o regem. No caso da autoridade o Catecismo da Educação elenca 5 princípios:
1º É preciso começar a exercê-la muito cedo.
2º É preciso que os pais sejam os primeiros a respeitar a fonte de toda a autoridade: Deus.
3º É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus.
4º É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre.
5º É preciso que os pais evitem tudo que os possa colocar no mesmo pé de igualdade com os filhos.

Por fim, apresenta-se nesta parte os meios imediatos para se adquirir e conservar a autoridade:

É preciso falar pouco: Não se deve desgastar a figura da autoridade com coisas corriqueiras. Deve-se usar a autoridade quando necessária e jamais permitir que a mesma seja questionada ou submetida aos caprichos das crianças.
É preciso usar de autoridade com discrição: Todo o excesso é um erro. Intervenha raras vezes, apenas quando necessário e não o faça sem o conhecimento de causa, ou seja, quando valha a pena.
É preciso ser claro: Quando se ordena é preciso que saiba exatamente o que se quer e que se exprima com termos claros, não deixando margem a equívocos.
É preciso tomar a sério o que se diz: Quando não se emprega um tom sério a ordem dada, falando com tom de indiferença ou casualidade.
É preciso exigir uma obediência imediata: Quando a ordem não é prontamente executada, deve ser tomada como uma desobediência e não repetir duas, três ou mais vezes a ordem.
É preciso manter a firmeza até o fim: Nunca se deve fazer concessões ou transigir (negociar) de modo que a criança não ponha em dúvida um só momento, que aquilo que se ordenou deve ser cumprida, custe o que custar.

Finalizo este resumo com a seguinte citação:

“Se, com efeito, uma recusa não for definitiva e positivamente uma recusa, se um não se pode converter num sim, sendo apenas uma questão de oportunidade, a criança empregará todos os meios, até os mais violentos e os mais humilhantes, para apressar o momento da submissão paternal ou maternal.”


Não é em vão que a Sagrada Escritura nos alerta: “Que teu sim, seja sim e o não, seja não.” Mt 5,37

 

Abraço fraterno,

                                      Maya




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