segunda-feira, 18 de junho de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 12 Livro IV – A educação Moral – Alguns hábitos a fazer contrair


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 12

Livro IV  – A educação Moral – Alguns hábitos a fazer contrair

O bom caráter

O bom caráter é uma disposição natural e adquirida que impõe a lei de nunca ofender pessoa alguma voluntariamente e que após haver enfraquecido as tendência  más da natureza, dá a preponderância às inclinações nobres.

“Aquele que possui um bom caráter são e fazem outras pessoas felizes.”

Para se formar um bom caráter é preciso suprimir: a alimentação excitante, as palavras maldosas e os exemplos de descontentamento, de aspereza, de rancor, de vingança ou de cólera.

Nunca se deve atender as lágrimas sem motivos ou permitir que se torne uma criança amuada, pois este, se não combatido, desenvolve sentimentos como o orgulho. Por outro lado é preciso proporcionar à criança um ambiente cuja atmosfera seja afetuosa, com pais alegres, que dão o exemplo do bom humor e de uma disposição de espírito sempre equilibrada.

“O rir vale muitas vezes mais que os remédios.”

Os pais deverão tornar tão curtos quanto possível os momentos de severidade e, uma vez feita a correção, devem esquecê-la por completo, nunca mais falando dela.

A sinceridade

“A sinceridade embeleza a criança, enobrece o jovem, glorifica o homem maduro.”

A sinceridade de um filho constitui a maior honra e o maior prazer dos pais.

A sinceridade obriga a fazer boas confissões, e assegura, por consequência, a salvação e a saúde da alma.

Há três meios principais de desenvolver a sinceridade nas crianças: Dar o exemplo da sinceridade; Inspirar uma profunda estima pela sinceridade; Animar todo o ato de sinceridade.

Para dar o exemplo, o educador, nunca deve enganar a criança e nunca se deve mentir diante dela. É preciso evitar sobremaneira prometer o que não se pretende cumprir ou falar irrefletidamente, pois estes ensinam as crianças, mesmo as mais novas, que os atos deferem das palavras.

Sendo assim é preciso cautela quanto as chamadas mentiras piedosas (coelho da pascoa, papai noel ou São Nicolau, etc), pois a criança, piedosamente enganada, quando chegar o dia em que se conheça enfim a verdade, poderá considerar como ilusória e enganosa os mistérios mais graves da nossa fé.

Pode-se fortalecer a sinceridade das crianças pela fé, pela discrição e pela atenuação do castigo ou pelo perdão.
Pela fé: Deus vê tudo; sabe sempre a verdade, a mentira é um pecado; O demônio é o pai dos mentirosos, etc.
Pela discrição: Os pais serão discretos e não submeterão nunca a sinceridade da criança a um a prova demasiado rude.
Pela atenuação do castigo: Quando a falta é confessada a criança deve notar uma diferença na forma de tratar a falta cometida, dando assim valor a sinceridade. Quanto ao perdão completo do castigo deve-se observar as circunstâncias, não sendo oportuno ser indulgente frequentemente.

Em caso de reincidências de mentiras será preciso tratar com maior severidade e demonstrar claramente o descontentamento e então fazer-lhes perceber quão feia é a mentira e como Deus a puniu.

Abraço fraterno,

Maya





Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 11 Livro IV – A educação Moral – A formação da Vontade


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 11
Livro IV  – A educação Moral – A formação da Vontade

“Querer é já poder” P. Gaultier

Talvez você se pergunte: ‘Mas como assim, formação da vontade? Devo ensinar a criança a querer?!’
Olhando superficialmente pode parecer algo ilógico ou que não mereça atenção, no entanto a formação da vontade é determinante para a educação de uma criança, uma vez que esta deve aprender a querer não apenas as coisas fáceis, mas também as coisas difíceis, que lhe custem muito a fazer.

Para o catecismo da educação, vontade é ‘o poder que tem a alma de decidir, com consciência e reflexão, à uma determinada ação e uma vez decidido levar ao final sua execução, perseverando sempre, apesar de posições contrárias, apesar do cansaço, apesar das dificuldades.

Quando conquistada essa capacidade de querer, também evitará as irresoluções, terá o domínio de si e terá autoridade diante do mundo exterior e das posições contrárias que este possa oferecer.
Uma pessoa cuja vontade é fraca ou mau formada é também inconstante e desenvolve o vicio do desleixo e irresolução, sendo ainda demovido com facilidade de suas decisões. Ficará como um barco sem comando que anda ao sabor das ondas.
A vontade bem formada é aquela vontade firme, porém prudente, onde se prevê, medita, espera quando necessário, consulta e então quando bem informado, escolhe.

Para que a criança tenha a Vontade bem formada existem algumas condições, a princípio simples, mas que são essenciais. Destaco entre as citadas no catecismo:
·         Higiene apropriada: A vontade depende do sistema nervoso e do sistema muscular, do mesmo modo e na mesma medida que o operário depende do seu instrumento de trabalho.
Existe uma máxima que diz: “Corpo são, mente sã”, e esta se descreve perfeitamente a importância deste na formação da vontade. Ter um ambiente organizado, uma alimentação equilibrada (evitando alimentos que deixem a criança agitada, nervosa, com mal estar),  um corpo disposto a se movimentar auxilia sobremaneira para que a criança esteja disposta e suscetível aos esforços que uma vontade bem formada exige.

·         A criação de hábitos: O hábito é uma tendência adquirida por reproduzir certos atos ou suportar certos estados, tanto mais facilmente quanto mais vezes tenham sido suportados. Ou seja, repetir tantas vezes sejam necessárias uma determinada ação ate que se torne fácil executa-la, porém esta ação deve ser consciente e não uma mera repetição autônoma. Para tal, se faz necessário começar cedo, fazer repetir muitas vezes as mesmas ações, sempre da mesma maneira e à mesma hora, se possível. Dentre os hábitos mais importantes para a formação da vontade destaca-se a formação do habito da obediência pronta.

Deve-se evitar a todo o custo a procrastinação. Ao tomar uma decisão deve-se pô-la em prática sem demora. ‘Faça-o imediatamente’.

Para a formação da vontade é imprescindível se utilizar da moral, onde o sentimento seja despertado, pois ele possui maior poder sobre a vontade, que o esclarecimento. Um filho pode não executar uma ordem apenas por saber que é bom e que o deve fazer, mas o sentimento de temor e amor que tem pelos pais o levará a executar prontamente. Por isso tudo o que um pai diz aos seus deve respirar o temor e o amor.

“A criança que não tiver experimentado grandes temores, não deve ter grandes virtudes.”

Destaco ainda a influencia do meio na formação da vontade e o fato de sermos responsáveis pela influencia do exterior que se exerce sobre o individuo. Depende em grande parte de nós fazer o nosso meio, escolher o conjunto de homens e de coisas que terão influencia sobre nós. É preciso evitar a todo custo as representações imorais, as sensualidades e a feiura. Assim como se deve buscar contemplar belos quadros, executar boa musica, nos cercar de coisas belas e edificantes, manter amizades e convívio com pessoas de valor moral elevado.

Para com as crianças se faz necessário uma disciplina severa onde a preguiça e o desmazelo sejam abominados e para tal se deve lançar mão de praticas como: lisonjas ao corpo e ao paladar, divertimentos em demasia, modéstia do vestir, entre outros.

Para que as crianças desenvolvam a energia da ação e da fortificação da vontade é preciso que estas façam o que devem fazer, no momento que devem fazer. Para tal devem compreender que Deus é o mestre, que Ele tanto manda nos pais como nas crianças e que é preciso sempre obedecer a Deus e que obedecendo prontamente  agradarão a Deus e a seus pais, que estão no lugar de Deus – A serviço de Deus.

Finalizando esta parte devemos entender que desenvolver a duração do esforço, a perseverança nas ações é tão importante quanto desenvolver o querer inicial. Mesmo que seja custoso, cansativo, mortificante, é preciso perseverar e que cada vez que se faz um ato em conformidade com a luz divina da fé fortifica-se, mas de cada vez que se hesita ou recua, enfraquece-se a vontade.

Em resumo, é preciso IR ATÉ O FIM, ACABAR, CONCLUIR!

Abraço fraterno,

Maya




quarta-feira, 30 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10 – A formação da Vontade


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 10
Livro IV  – A educação Moral – A formação da Vontade
Cap. I – A natureza da vontade e Cap. II – A importância da vontade

“Querer é já poder” P. Gaultier

ü O que é a vontade?  Sob um ponto de vista moral, a vontade pode ser definida como ‘o poder que tem a alma de se decidir, com consciência e reflexão, a uma determinada ação, executá-la e perseverar em suas decisões’. São três as principais condições para a vontade: A decisão, A execução e a perseverança.
ü  Vantagens da vontade:
- Evita ou corrige a irresolução: Pessoa irresoluta é aquela que não sabe decidir-se ou que após decidir muda a decisão diante de argumentos de outros. Acaba por se tornar uma pessoa inconstante. ‘Não sabe o que quer nem o que não quer’

- Contribui para a formação da inteligência: Para se formar a inteligência é necessário atenção e aplicação, virtudes custosas, que não podem manter-se senão com esforço. ‘A vontade é a mão com  a qual se domina dentro de si tudo o que se quer.’

- Dá o domínio de si mesmo: produz o equilíbrio, a harmonia e a constância. Quem tem o domínio de si é capaz de despertar/agir nas horas de apatia e de si refrear /acalmar nos momentos de excitações desordenadas (refrear as paixões). ‘é mais fácil abafar o primeiro desejo do que satisfazer todos os que se lhe seguirem.’
Ter o domínio de si e uma vontade bem formada (decisão) não quer dizer que a pessoa não sente medo, mas sim que ela é capaz de seguir, mesmo diante do medo.

 - Assegura a autoridade sobre o mundo exterior: Diante de uma vontade bem formada, nem os maus exemplos das pessoas sem fé e sem lei, nem o respeito humano ou as seduções do mundo, são capazes de influenciar em suas decisões, uma vez que ela tenha sido tomada resolutamente.

 - Conduz o homem ao fim que se propôs e que deve atingir: A vontade/ o querer leva a por-se em ação, a continuar aquilo que começou, o impulsiona a prosseguir dia após dia. ‘Quando se quer, acaba-se sempre por poder’.

Abraço fraterno,

Maya

terça-feira, 15 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9 Livro IV – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 9
Livro IV  – A educação Moral – Cap IV – O coração deve ser desinteressado e Cap V – O coração deve ser intusiasta

“É doido o pelicano que se mata pelos filhos seus, é louco o que sofre amarguras a trabalhar pelos seus” Ronsard

Quando a criança é o centro dos afetos (das atenções), corre-se o grande risco de fazê-la uma criança egoísta.

Mas o que vem a ser o egoísmo? É quando nos amamos só a nós próprios, quando reportamos tudo a nós mesmos, pessoas e coisas, quando não amamos os outros senão por nós próprios.

As crianças têm o privilégio de criar afetos com facilidade e ter o coração aberto ao outro, porém isso não as isenta do risco de florescer em seus corações o egoísmo, uma vez que todos nós nascemos com uma maldade inata, consequência do pecado original.

Porém, a causa mais comum do egoísmo é a MÁ EDUCAÇÃO.

As crianças estão cada vez mais egoístas e orgulhosas e a responsabilidade é dos pais que optam por não dar a eles irmãos, por colocá-los em pedestais e trata-los como pequenos senhores de suas casas. Fazem todas as suas vontades, não dão correções aos erros, mesmo aqueles mais escandalosos (falta de respeito para com os outros, birras, etc).

Como evitar o egoísmo?
1º - faze-los repartir com os irmãos as guloseimas e brinquedos que têm;
2º - Ensiná-los e incentivá-los a cuidar do outro (rezar pelo outro);
3º - Obriga-los a dizer ‘obrigada’, todas as vezes que receberem qualquer coisa;
4º - Ensiná-los a serem serviçais, a sacrificarem-se pelos outros;
5º - Educá-los no pensamento de ter sempre cuidado com os outros;
6º - Se a criança for de saúde delicada, observar para que esses cuidados especiais que se fizerem necessários, não se convertam num alimento de egoísmo.

Para os casos em que o egoísmo já se implantou no coração da criança, para corrigir será preciso levá-la a aprender amar ao outro mais que a si. Para matar o egoísmo será preciso ensiná-la o valor e a grandeza do AMOR e da DEDICAÇÃO ao outro.


Capítulo V – O coração deve ser intusiasta

O entusiasmo é o amor do sublime levado até ao sacrifício da vida e de tudo o que ela nos pode dar de melhor, é ele o único que nos permite realizar nobres ações.

Entre os 10 e 12 anos faz-se necessário que a criança comece a se apaixonar por um fim mais elevado do que as necessidades de cada dia e para tal deve-se por a criança em contato com as belezas da natureza, das obras primas literárias e artísticas. Faze-la notar as belezas as auxiliará a distingui-las.

Contudo, a forma mais fecunda de alimentar o entusiasmo no coração da criança é aquela que deriva das alturas, onde germina e floresce o amor de Deus, o amor da igreja, o amor das almas, o amor da pátria.  

Abraço fraterno,

Maya




terça-feira, 8 de maio de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8 – A educação Moral – As condições da formação do coração


Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 8
Livro IV  – A educação Moral – As condições da formação do coração

“O coração bem formado dever ser sensível, forte, regrado, desinteressado e entusiasta.”

Os tempos são de grande correria por aqui, mas eu não poderia deixar de registrar os pontos que achei mais interessantes desta leitura. Sendo assim, transcreverei as citações e trechos que mais me chamaram a atenção:

Capitulo I – O coração deve ser sensível

*      Para que a sensibilidade seja sempre uma qualidade deve-se evitar:
- a mimalhice: consiste em satisfazer todos os seus caprichos; em querer, custe o que custar, poupá-la ao menor sofrimento. Uma educação materialmente um pouco dura preserva da efeminação, o que é defeito, mesmo nas mulheres.
- a pieguice: é uma exageração e um desvio da sensibilidade. Evita-se isso ao habituar a criança a dominar e dirigir a sua sensibilidade. É preciso ensiná-las a reprimir as lágrimas (choro por situações e coisas pouco importantes).
- a sensualidade (já dito em textos anteriores).

Capitulo II – O coração deve ser forte
*   
   O coração sensível deve ser um coração forte. Para se criar uma criança com um coração forte deve-se exercitar, desde a mais tenra idade, a conservar a liberdade, a fidelidade e a serenidade do coração.
*      A liberdade do coração – reside completamente no domínio de si mesmo, e na subordinação dos afetos aos princípios da razão e da fé.
*      A fidelidade do coração – Consiste em manter com constância as afeições legítimas e ordenadas que uma vez se aceitaram.
*      A serenidade do coração – Consiste em conservar uma alegria calma e forte que se chama de paz, apesar da solidão e da vida afadigada do lar; apesar das angústias da miséria, das ruínas e das privações; apesar das doenças e enfermidades; apesar das faltas e tentações; apesar da perda dos seres queridos; apesar da aproximação da morte.
Para sustentar esta serenidade é preciso FÉ e o AMOR DE DEUS.

Capitulo III – O coração deve ser regrado

*      Um coração regrado é aquele que ama o belo e se liga ao bem.
*      Deve-se despertar no coração o ‘amor pelo belo’ pois, o conhecimento daquilo que é belo é o verdadeiro caminho e o primeiro escalão para o conhecimento das coisas que são boas. Só a visão do belo desprende a alma de tudo que é pequeno e mesquinho, depura a sensibilidade de todo o egoísmo, inflama nos corações a sede da perfeição infinita.

E com se pode despertar na criança este amor pelo belo? Educando-a num meio de beleza.


“seria conveniente dar à criança um quarto bem situado, alegre, bem revestido e ornado, onde ela possa sentir um coração terno que atrai e a mão afetuosa de alguém que protege e encaminha.”

*      O ‘amor pelo bem’ é despertado observando atentamente, para que o bem seja celebrado com amor, praticado com generosidade, defendido com desinteresse.
É preciso inspirar à criança:  o amor da família, o amor dos pobres, o amor do trabalho, o amor do dever, o amor da pátria.

o amor da família: Deve-se amar a honra do nome (nome da família, a tradição da família); pois o primeiro dever daqueles que o usam (o nome) é não o desonrar.

Os pais devem ensinar-lhe que foram eles que lhe deram a vida; que são eles que lhe proporcionam o lar, o calçado, o vestuário, a alimentação, etc; são eles que a instruem ou a mandam instruir, lhe preparam o futuro e a colocam no caminho do ceu; que são eles que, DEPOIS DE DEUS, lhe tem mais afeto e que, sem dúvida, tudo isto lhe faltaria, se fosse abandonada a si mesma.

“É um erro e uma ilusão completa acreditar que a criança ama por instinto e naturalmente.”

O Amor pelos pobres – Se os pais querem criar o amor pelos pobres, não devem esquecer-se de fazer notar que estas vantagens nem a todos estão asseguradas, que muitos são privadas delas e sê-lo-ão sempre, sem que, no entanto, tenham nisso alguma culpa; que era possível que a ele próprio essas vantagens faltassem por completo.
Dir-lhe-ão que há crianças, como ele, que não tem vestuário, nem lar, nem carne, nem guloseimas, nem mesmo pão e que este lhe é seu semelhante a quem se deve afeição.

O amor do trabalho – Deve fazê-los compreender que o trabalho é uma obrigação, uma glória, um preservativo e uma fonte de bens.

“Se alguém não quer trabalhar, que também não coma” São Paulo

“O tédio entrou no mundo pela preguiça.”

“A ociosidade é a mãe de todos os vícios.” Provérbio

Essas foram as partes que mais me chamaram a atenção, que considerei mais importante, no entanto, toda a leitura acrescentou algo, as formas de incutir o amor o pelo belo foi uma das partes que mais me impactou, talvez por vivermos num meio cercado de feiura por todos os lados e a dificuldade que se tem em apresentar esta beleza fora das paredes das nossa casas. O que nos obriga ainda mais a embelezar o nosso lar, sem deixar de manter a modéstia e a simplicidade.


Abraço fraterno,

Maya




quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 7 - A educação Moral – A autoridade


Pinturas de Arthur John Elsley!

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 7

Livro IV  – A educação Moral – A autoridade (terceira parte)

“A autoridade é uma coisa grande e santa perante a qual o espirito se inclina, sem que o coração se humilhe.”


Em tempos de extrema rebeldia como o que vivemos, falar ou ler algo sobre autoridade soa no mínimo estranho.  Atualmente todos querem mandar e ninguém quer ser mandado. Crianças que ainda não deixaram as fraldas ditam o ritmo da casa e da vida de seus pais, pelo simples fato de que estes se esquivam do seu direito e do seu dever de governar a família com a autoridade que lhes é própria.  No entanto, basta uma breve pesquisa na internet ou uma olhadela em páginas e blogs que falam sobre educação de filhos para perceber a variedade de teorias educacionais, métodos de disciplina e outros tantos pacotes prontos para serem vendidos aqueles cujo único problema é não querer se desgastar no adestramento de seus filhos pequenos.

Apesar de o termo adestramento ser muito utilizado com referência a animais, ouso dizer que cai muito bem quando o assunto são crianças muito pequenas. A palavra adestramento refere-se à ação e ao efeito de adestrar, fazendo alusão ao ato de endireitar, amestrar, instruir, ensinar, disciplinar, fazer obedecer.

“Governar é servir, eis o que é a autoridade. (Bossuet)”

Existem 3 beneficiários do direito da autoridade:
- 1º Deus, autor de todos as coisas a quem devemos obediência plena;
- 2º Os pais, aqueles que são coautores com Deus e responsáveis por aqueles que com Ele geraram.
- 3º Todos aqueles a quem esta mesma autoridade é delegada, por Deus e pelos pais.

Sem que os pais façam uso de sua autoridade torna-se impossível cumprir com suas funções de educadores: - Formar o caráter dos filhos; - Preservá-los dos perigos; - Fazer-se amar por eles; - Gozar as alegrias que eles podem lhes proporcionar.

Os pais não devem temer corrigir os filhos, com receio de que estes deixem de nutrir por eles a afeição própria dos filhos por seus pais, porém o que se percebe é quase uma aversão à contrariedade. A criança não pode ser frustrada, não pode ser punida, deve estar sempre feliz e sendo saciada em todos os seus desejos. O ‘não’ foi extinto nos lares e as consequências disto têm sido as piores possíveis.

Nessa parte do catecismo da educação é ressaltada a importância de uma autoridade firme que culmine numa obediência pronta, de modo que quando esta não existir a autoridade se faça presente e as correções sejam pontuais e enérgicas. Não se deve dar espaço para a timidez de alguns pais, que se dirigem aos filhos quase que com receio de serem inconvenientes. Os filhos são postos em pequenos e brilhantes tronos e seus pais rapidamente tomam os lugares de servos suplicantes.  São muitos os pais que foram bem educados, mas que não aprenderam a praticar com os filhos a educação que receberam.

“O mal esta na moleza dos costumes domésticos, na fraqueza e na decadência da autoridade paterna e materna.”

Quando se fala em autoridade enérgica, não se exclui desta os sentimentos de carinho e afeição, o amor maternal e a ternura com que devemos tratar aqueles a quem amamos, entretanto, não se pode em nome desse amor desprezar o dever da educação dos filhos e a pronta aplicação da autoridade de pais que este requer.
A autoridade além de um direito e um dever é também uma ciência e como tal tem princípios que o regem. No caso da autoridade o Catecismo da Educação elenca 5 princípios:
1º É preciso começar a exercê-la muito cedo.
2º É preciso que os pais sejam os primeiros a respeitar a fonte de toda a autoridade: Deus.
3º É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus.
4º É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre.
5º É preciso que os pais evitem tudo que os possa colocar no mesmo pé de igualdade com os filhos.

Por fim, apresenta-se nesta parte os meios imediatos para se adquirir e conservar a autoridade:

É preciso falar pouco: Não se deve desgastar a figura da autoridade com coisas corriqueiras. Deve-se usar a autoridade quando necessária e jamais permitir que a mesma seja questionada ou submetida aos caprichos das crianças.
É preciso usar de autoridade com discrição: Todo o excesso é um erro. Intervenha raras vezes, apenas quando necessário e não o faça sem o conhecimento de causa, ou seja, quando valha a pena.
É preciso ser claro: Quando se ordena é preciso que saiba exatamente o que se quer e que se exprima com termos claros, não deixando margem a equívocos.
É preciso tomar a sério o que se diz: Quando não se emprega um tom sério a ordem dada, falando com tom de indiferença ou casualidade.
É preciso exigir uma obediência imediata: Quando a ordem não é prontamente executada, deve ser tomada como uma desobediência e não repetir duas, três ou mais vezes a ordem.
É preciso manter a firmeza até o fim: Nunca se deve fazer concessões ou transigir (negociar) de modo que a criança não ponha em dúvida um só momento, que aquilo que se ordenou deve ser cumprida, custe o que custar.

Finalizo este resumo com a seguinte citação:

“Se, com efeito, uma recusa não for definitiva e positivamente uma recusa, se um não se pode converter num sim, sendo apenas uma questão de oportunidade, a criança empregará todos os meios, até os mais violentos e os mais humilhantes, para apressar o momento da submissão paternal ou maternal.”


Não é em vão que a Sagrada Escritura nos alerta: “Que teu sim, seja sim e o não, seja não.” Mt 5,37

 

Abraço fraterno,

                                      Maya




quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 6 – A vigilância (segunda parte)

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 6

Livro IV  – A educação Moral – A vigilância (segunda parte)

“A criança carrega em si os efeitos do pecado original e não tem firmeza de caráter formada para se conter diante das situações tentadoras. Necessita de auxílio.”

Continuando a exortar sobre a importância da educação moral, o catecismo da educação nos fala sobre a Vigilância que se deve ter para com os filhos. Como responsáveis pela criança, os pais devem prever, distinguir e afastar os perigos que se apresente, sejam estes perigos ao corpo físico, a formação do caráter, mas também à formação e manutenção das virtudes.

A vigilância deve ser constante e seguir condições como:
- Perspicácia: É preciso saber OLHAR.
- Manter certa desconfiança: É preciso saber VER.
- Sacrifício: É preciso esquecer-se de si mesmo.
- Liberdade progressiva: É preciso deixar à criança um meio de se acostumar a uma vida pessoal.

“O lar é alternadamente a Ceia e o Calvário (E. Julien)

Por vezes nós pais, por muito amar a nossos filhos, nos pomos cegos diante de seus erros e defeitos. Estamos sempre colocando o nosso foco em suas virtudes e deixando passar a brancas nuvens as oportunidades de emenda-los em seus erros, extirpar certos vícios que sutilmente vão lançando raízes em seus corações. Quando se fala em vigilância é também e talvez especialmente para ocasiões como estas. Os pais não devem poupar esforços quando o assunto é a educação de seus filhos.

Mais uma vez o autor alerta sobre cuidados que os pais devem ter com as pessoas que convivem com seus filhos: Parentes, amigos, professores, conhecidos e acrescenta aqui as ocasiões em que tal convivência pode ocorrer especialmente aquelas de lazer, onde as pessoas estão com o único intuito de se divertir abrindo-se a situações de constrangimento ou mesmo leviandades. Por toda a leitura se pode perceber a ênfase dada ao encantamento e atração que o erro exerce sobre os seres humanos e de modo especial nas crianças. Tudo o que for dito incentivando atos virtuosos e amor a verdade podem se perder após uma simples brincadeira maliciosa entre amigos.

No decorrer da leitura é impossível não recordar da minha infância e juventude e desgraçadamente confirmar os malefícios da falta de vigilância, da influência de ‘amigos’, da falta de firmeza de caráter, da falta de auxilio e vigilância oportunos. É recomendada especial atenção às leituras a que têm acesso, uma vez que estas se fazem silenciosas e podem causar muito dano, especialmente à pureza da criança.

Para finalizar este pequeno resumo vejamos a citação sobre o sacrifício necessário por parte dos pais, que mesmo cansados não devem terceirizar os cuidados dos filhos a quem quer que seja, sem que com isto corram o grave risco de prejudicarem suas almas: “Os vossos ouvidos estão tranquilos, os vossos olhos também, a vossa casa e o vosso espírito... Mas a vossa consciência deveria estar atormentada e com remorsos! Ela deveria reprovar a vossa negligência, o vosso egoísmo, o odioso tráfico em que talvez tenhais vendido, por um pouco de repouso, a alma e a virtude dos vossos filhos!”

Não esqueçais que para alcançar o céu, o calvário é passagem obrigatória.

Abraço fraterno,


Maya

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – Parte 5 - Livro IV – A educação Moral (primeira parte)

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 5

Livro IV  – A educação Moral (primeira parte)

“É melhor procurar o bem das crianças ou proporcionar-lhes o prazer? É a solução deste problema que deve inferir-se a escolha de todo o sistema de educação.”

Pode parecer exagero para alguns falar sobre educação moral para crianças ainda no ventre de suas mães, no entanto, é justamente este momento que o catecismo da educação elege para que se dê inicio à formação moral da criança. São as atitudes, as palavras e os costumes da mãe gestante que iniciarão a criança no conhecimento da verdade.

“O que o berço dá, a tumba o leva!”

O que vem a ser a educação moral?
“A educação Moral é a arte: 1º - De formar um coração e de lhe dar o amor do belo e do bem. 2º De formar a vontade e de a fortalecer por bons hábitos. 3º de Destruir as más inclinações e os defeitos.”

Dar bom exemplo e manter a vigilância são condições para se educar moralmente. Os pais devem tomar conhecimento de que a pequena alma que lhe esta sendo confiada, tem penhorada em suas ações como pais todo o seu futuro. É observando os pais que as crianças aprendem com maior consistência.

Mais uma vez o catecismo da educação vem alertar sobre a importância do meio em que a criança esta inserida.
“Tudo o que se diz, tudo o que se faz, tudo o que se proíbe, tanto sob o teto paterno como no colégio, deve dizer-se, fazer-se, ordenar-se ou proibir-se, com o fim de cultivar, de exercitar, de desenvolver na criança os dons da natureza.”
“Que as crianças não ouçam, nem vejam, em volta delas, nada que não seja verdadeiro, nada que não seja pudico, nada que não seja justo, nada que não seja santo, nada que não seja amável, nada que não seja honroso, nada que não seja virtuoso, nada que não seja louvável.”

Como uma mãe, quase impossível não me inquietar diante de tais palavras, uma vez que vivemos num tempo e numa sociedade em que a exaltação da feiura, da mentira, da depravação e da desordem parecem ser unânimes. Optamos por escutar belas músicas, mas a vizinhança, os carros de som, as lojas, os supermercados, em quase todos os lugares em que vamos as crianças são expostas à letras musicais (se é que podem ser classificadas assim) de extremo mau gosto, pobreza gramatical, rimas chulas e depravação em doses cavalares. E não fica por aí, a feiura parece estar em todos os lugares (museus, parques, teatros, playgrounds). Um exemplo é a maratona que deve percorrer para conseguir bons exemplares da literatura para os momentos de leitura, uma vez que o mercado editorial só decai.

Diante de um quadro tão desanimador, como salvaguardar as crianças de uma exposição maléfica à sua formação moral? Como mãe educadora é impossível não me preocupar. Facilmente podemos observar que a afirmação: “O exemplo do bem é seguido em parte e com tibieza, enquanto o exemplo do mal é seguido com facilidade e agravamento. Porque o bem é uma ascensão, e o mal é uma descida”, pode ser facilmente comprovada. Semanas ensinando um bom hábito, demandando muito esforço e dedicação e de repente todo o trabalho se esvai após poucas horas de contato com pessoas com atitudes contrárias.

Quanto à educação moral esta primeira parte ainda nos alerta sobre a importância do bom exemplo por parte dos pais, que são vistos pelas crianças como uma figura ideal. Sobre a importância de um lar ornado e belo, com figuras sacras feitas com esmero, rejeitando toda e qualquer imagem que seja mal feita ou grotesca, nem mesmo para as crianças pequenas brincarem. Exorta sobre a importância do exemplo dos pais nas práticas religiosas, na fidelidade e respeito a estas práticas, e ainda no modo de falar, evitando-se a utilização de gírias, figuras de linguagens que acabem por ser incompreensíveis para as crianças, uma vez que estas são seres lógicos e até a idade da razão entendem as expressões de forma literal.

Enfim, para educar moralmente uma criança é preciso antes estar educado ou se reeducar. Um desafio de nossos tempos que somente será superado pelo amor que emana da maternidade/paternidade e da fé em Nosso Senhor.

Abraço fraterno,

Maya


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Catecismo da Educação – Abade René Bethléem – 1917 - Parte 4

Livro III – A educação Intelectual

“A alimentação da inteligência é como a alimentação do corpo. Não é o que se come que nutre, mas unicamente o que se digere.”

Já li algumas coisas, anteriormente, que falam sobre a importância da educação intelectual no processo de formação da criança. No entanto, esta parte do Catecismo da Educação somou, e muito, em conhecimento para mim como mãe.  Quando se pensa em intelecto é preciso se atentar a várias condições necessárias para que seja conquistada uma educação intelectual robusta. Qual não foi minha surpresa quando a primeira condição a ser abordada foi a condição física. Sim, a condição física, o meio em que a criança esta inserida, pesa muito para a formação de seu intelecto. A ação que o meio exerce pode ser por vezes, invisível ou não perceptível, porém é forte. A criança é sensível a tudo o que ocorre ao seu redor e acaba sendo influenciada, mesmo que inconscientemente por tudo que a cerca.

“Caso nada se possa fazer para elevar o meio em que se vive, esforça-se ao menos para evitar a todo custo a deformação.”
“Pelo menos que a criança nada veja e nada ouça de insensato. Por ser intelectualmente falso; nada de grosseiro ou inconveniente por ser moralmente falso: o espírito vive da verdade, e o erro deforma-o. 

A partir de um meio sadio, onde se convive e se valoriza o Belo e a Verdade, os pais podem então iniciar a formação do intelecto dos filhos cultivando a cultura de atenção, indicada pelo autor como o segredo da preparação intelectual.  É preciso que a criança tenha interesse pelas coisas que a cercam. A natureza, o convívio entre as pessoas, a dinâmica da sociedade em que esta inserida e caso este interesse não exista, deve então ser despertado pelos pais, através de estímulos.

É preciso treinar a visão, através de passeios e da observação da natureza. Enxergar o reflexo da perfeição do Criador em suas obras, no desabrochar de uma flor, nos ciclos vividos pelas árvores, na procriação dos animais, na dinâmica das estações, por fim, em toda a sua criação.

É Preciso treinar os ouvidos/ audição com a contação de histórias. Que sejam curtas, verdadeiras, interessantes, cristãs. Que tudo o que chegar aos ouvidos da criança leve a verdade, o belo e que não a canse em demasiado. Que a criança consiga absorver a mensagem da história. Digeri-la como se digere o alimento, retirando tudo o que seja proveitoso para sua formação e assim aprender com ela.

Para que as informações recebidas através dos estímulos (leitura, estudos, observação do meio, etc.) sejam transformadas em conhecimento e que este conhecimento seja assimilado, são necessárias condições como: o exercício da atenção e o hábito da reflexão. De pouco ou nada valerá horas e horas de empenho por parte dos pais, seja na preparação de atividades e programas curriculares, se a criança não tem interesse por aquilo que esta sendo dito.

Na atualidade, perdeu-se a visão da finalidade da educação de uma pessoa, que deveria ser a conquista do conhecimento e da sabedoria. Em se tratando de cristãos, perdeu-se ainda mais. Como cristãos temos o dever de buscarmos esse conhecimento e esta sabedoria, para que estes sejam pontes que nos levem à Santidade, à contemplação de Deus.  Hoje, infelizmente, os pais ao tratarem da educação intelectual dos filhos, preocupam-se apenas com os índices de aprovações dos colégios e em como este auxiliará na conquista de uma carreira promissora e rentável para seus filhos. A finalidade da educação deixou de ser a busca pela santidade através do conhecimento e passou a ser a busca pelo status e pelo prazer corporal.

Nesta busca por índices e posições, os pais e as escolas sobrecarregam as crianças. Aos 5 anos, elas tem uma agenda cheia. É preciso saber nadar, pintar, falar três línguas e estar alfabetizada em pelo menos uma delas, estar em constante socialização e em contato com conflitos (muito comuns nas escolas e creches) mesmo que não saibam discernir o que querem comer ou saber como e quando ir ao banheiro. Não sobra tempo para ser criança. Cada vez mais cedo são deixadas nas escolas, geralmente em período integral. É preciso estar à frente, saber mais, ser mais. Uma triste realidade.

O catecismo da educação deu um nome a este quadro: A sumernage – pode ser definida como uma forma de educação intelectual na qual a criança trabalha cedo demais, trabalha coisas demais e trabalha mal. As causas do sumernage são: o espírito de utilitarismo (é preciso aprender, não para saber, mas para tirar proveito) e furor por boas posições (bom trabalho, boa renda, etc).”

“A concorrência é enorme e por uma consequência necessária e imediata, multiplicam-se os exames, sobrecarregam-se os programas ano a ano.”

Nas palavras do autor - “Conheço muitos pais que são realmente os inimigos de seus filhos. Com a ambição de os ver progredir  rapidamente e obter em tudo uma superioridade extraordinária, sobrecarregam-nos com um trabalho tão pesado que os acabrunham.”

Esta frase me fez refletir por dias a fio, tendo em vista que estamos em Janeiro e eu, como mãe educadora, estava planejando nosso ano de estudos, envolta na preparação de atividades e apostilas, pesquisas de livros literários e buscando enriquecer nosso curriculum para 2018 com aquelas coisas ‘essenciais’ para a idade dele. Tive que reavaliar, tirar muitas coisas, trocar outras. Voltar os meus pensamentos e os meus olhos para a principal finalidade da educação intelectual de nossos filhos. Me perguntar novamente o ‘para que’ educar nossos filhos em casa. Olhar novamente para eles, enxergá-los como crianças que são, priorizar seus momentos de lazer e brincadeiras, tornar-me novamente sua aliada nessa caminhada pelo conhecimento.

Pode parecer loucura o que vou escrever agora, mas se pararmos para olhar como estamos lidando com nossas crianças e conduzindo sua primeira infância, estamos sujeitando-as constantemente a uma violência intelectual, ou seja, estamos sujeitando-as violentamente a estudos dos quais a criança não gosta; impondo simultaneamente e às vezes desde a mais tenra idade estudos aquém de suas capacidades. Estamos criando crianças que abominam os estudos e que veem sua rotina como uma fase a ser superada e da qual quererá fugir assim que possível.

Como pais, devemos criar uma ‘Cultura do gosto’, devemos despertar em nossas crianças o desejo pelo conhecimento. O gosto é a faculdade de compreender e apreciar  o belo na natureza e na arte. Querer encontrar o conhecimento e se refestelar com ele. Chamá-lo para um dança e valsar pelos salões da vida sendo seu par.

Que estas palavras do Abade René Bethléem lhe façam refletir e redirecionar seus dias de educadora, como fizeram comigo, mesmo que a sua escolha não seja a educação domiciliar.

Abraço fraterno,

Maya